Artigo

Considerações ao nosso São João

Na arrumação da fogueira durante o dia de São João Batista já era uma grande festa de fé para os seus preparativos à noite. As famílias, os diversos parentes e amigos todos reunidos na fazenda do celebre patrono.

Enquanto isso as crianças saltavam no terreiro da localidade fogos: cobrinhas, chuvinhas, traques… Ansiosas, e querendo que logo viesse à noite, pois estava reservada a farta ceia rechiada de: bolos de aipim, tapioca, ovos, puba; A canjica, o mungunzá, a pamonha, amendoim cozido, milho verde assado e cozido… etc.

Tudo era encanto e beleza no São João da fazenda e das cidadezinhas, o povo se cumprimentava e sorria; não existia a violência, só brincadeira e amor; “O São João Passou por ai?”.

A noite chegava “o trio de sofoneiros” já estava presente para tocar, acordeom, zabumba, o triangulo a festa que ia começar.

O grande forró do salão da casa sede da fazenda começava…
Casa essa ladeada por grandes varandas, dando lugar às redes preguiçosas…

Do lado de fora, as crianças corriam e gritavam radiantes de alegria, aliadas aos adultos que também pareciam crianças na fé do São João.

Antes da realização da festa, o patriarca da família, convidava a todos para a ceia. Era uma grande mesa de dez metros de cumprimentos repleta de tudo, carne de churrasco, porco assada, frango, carne do sol, feijão tropeiro etc.

Era realmente uma grande festa de fé, carinho e fartura. Mais tarde a festa era realizada à beira da fogueira, até o dia clarear, onde o ponto alto era os batizados, e os amigos se tornavam compadres.

Convidados pelo patriarca, à mesa, todos rezavam em favor do Santo, buscando dias melhores em um só coro e agradecendo ao São João as vitórias de mais um ano.

O Trio, não parava de tocar, “bicando” quentão ou licor de jenipapo, laranja, jabuticaba, cacau, cajá, amendoim etc.

Só tocavam músicas de Luiz Gonzaga, Trio Nordestino, Marines e sua gente, Teixeirinha e o Trio Parado Dura, musicas genuinamente dos festejos juninos!

O São João era autentico, as pessoas realizavam a festa com fé, sem nenhuma conotação comercial, como acontece nos dias de hoje… onde os interesses pessoais estão acima de tudo!

Até os sofoneiros tocavam como convidados e se sentiam orgulhosos, em troca de um agradecimento do dono da fazenda. Não se via banda tocando axé, samba, musica de carnaval, etc., como acontece nos dias de hoje. Com isso, a tradição dos festejos juninos estão indo embora, pelo menos aqui no sul da Bahia.

Hoje o São João, talvez, devido, ao aumento de outras religiões (evangélicas, protestantes…) o Brasil que tem uma cultura católica, costumes que veio de Portugal, desde o seu descobrimento; o motivo pelo qual esteja tirando as tradições; as comemorações estejam tomadas outros caminhos.

Reflitam, e não percam a fé, desta data do nascimento de São João Batista, um dos maiores discípulos de Jesus que veio para anunciar a sua chegada e que LHE batizou em nome de Deus. E, “quem não tiver culpa que arremesse a primeira pedra!”.
Ah! Que saudade do meu São João!