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As corporações dos pedreiros e a maçonaria simbólica

Nas corporações de ofício, o grau de companheiro representava o mais alto grau da escalada profissional. O aprendiz, após passar o tempo necessário em trabalho árduo nas construções das grandes catedrais, palácios, etc., tendo sido um obreiro qualificado e reconhecido como oficial, era considerado companheiro, recebendo autorização da corporação para praticar o ofício de pedreiro.

Essas corporações, surgidas no Século XII, cresceram muito na Idade Média, quando as construções em pedra eram comissionadas pela Igreja, reis e nobres. A Corporação dos Pedreiros, que chamamos Maçonaria operativa, era um lucrativo negócio. Ser considerado companheiro pelos operários era um passaporte seguro para uma participação no negócio e para uma renda garantida.

Como em toda obra existe um mestre que a dirige, nas Corporações dos Pedreiros este era escolhido entre os companheiros mais experientes e com maior capacidade de liderança, com o nome de Mestre. O Mestre exercia a função de dirigente dos trabalhos de determinada obra. Pelas funções e pelo respeito que merecia dos demais obreiros, passou a ser chamado de Venerável Mestre, em Inglês Worshipful Master.

Em todas as corporações de ofício havia os denominados aceitos, indivíduos não ligados ao ofício ou à arte de construir. O costume de admitir “aceitos” era muito antigo e sempre existiu nas agremiações profissionais, como maneira de distinguir algumas pessoas. Essa distinção poderia ser uma simples honraria, ou, então, motivada por uma questão de sobrevivência e de amparo, através da aceitação de nobres e aristocratas.

A prática, todavia, era bastante restrita, e tais aceitos, em número diminuto, não eram mais do que membros honorários das Lojas, não tendo nelas qualquer atuação decisiva. Com a decadência das corporações de ofício, estas começaram, de maneira mais evidente e não mais como honraria, a aceitar pessoas estranhas ao ofício, para aumentar o enfraquecido contingente dos franco-maçons. O primeiro caso conhecido é o de John Boswell, lord de Aushinleck, aceito na St. Mary’s Chapell Lodge – Loja da Capela de Santa Maria – em Edinburgo, Escócia, em 1600. Essa Loja fora criada em 1228, quando da fundação da Fraternidade de Construtores da Capela de Santa Maria, que alguns autores consideram como núcleo original do Rito Escocês, o que não é viável. Durante todo o século XVII o processo iria se acentuar, a ponto de, no seu final, os aceitos superarem amplamente os operativos, o que levou, em 1717, à fundação da Premier Grand Lodge em Londres, a qual serve como marco entre a Maçonaria operativa e a nossa moderna Maçonaria dos Aceitos, ou Maçonaria Simbólica. Nesta Primeira Grande Loja foi criado o Grau de Mestre Maçon em 1723, sendo regularmente implantado em 1738.

Fonte principal: Cartilha do Grau de Companheiro – Editora Trolha, Edição de 1998.