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Etanol do Brasil, a energia que vai mover o mundo (Parte Final)

Além disso, o processo de fabricação do etanol de cana permite aproveitar um de seus subprodutos de forma rentável. Após a moagem da cana, é possível obter energia elétrica a partir da queima do bagaço. Isto não só propicia às usinas suas auto-suficiências como também permite fornecer os excedentes de eletricidade para as redes nacionais de distribuição. Hoje, esses excedentes representam apenas 3% da matriz energética do país. Muito pouco, se compararmos com sua capacidade disponível. Todavia, estima-se que até 2020 o potencial de cogeração do setor possa atingir 15 mil megawatts. Para efeito de comparação, a usina de Itaipu possui uma potência instalada de 14 mil megawatts.

Ademais, soma-se ainda o fato de a cana-de-açúcar utilizada para a produção de etanol ser cultivada em uma área que representa apenas 1% da área agriculturável do país, o que nos traz uma hipótese bem provável: dificilmente um país poderá superar o Brasil nesse ramo. Os consumidores do mundo globalizado deverão pressionar seus governos no sentido de reduzir as emissões de dióxido de carbono, segundo os marcos do Protocolo de Kioto, e não haverá alternativa comercial melhor em combustíveis renováveis da biomassa, senão o mercado brasileiro.

Enfim, o etanol como commodity internacional é uma questão de tempo, desde quando, no início de 2007, os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e George W. Bush assinaram um memorando de entendimento sobre biocombustíveis, o qual fez surgir um convênio entre o Instituto de Metrologia, Normalização e Qualidade do Brasil (Inmetro) e o seu congênere norte-americano, National Institute of Standards and Technology (NIST), a fim de concretizar uma padronização do produto. Contudo, o país precisa estar preparado no que diz respeito à pesquisa científica.

Atualmente, embora haja uma acentuada preocupação com a modernização dos estágios de produção das usinas sucroalcooleiras, ainda há diversos problemas relacionados à engenharia aplicada que têm como consequências, principalmente, uma eficiência energética comprometida e um produto final com características cujas variabilidades são maiores que as desejadas. Por outro lado, sabe-se que o investimento, tanto do ponto de vista de formação de recursos humanos qualificados nas áreas estratégicas quanto para o desenvolvimento tecnológico, traz uma clara perspectiva de melhora no rendimento de seus processos. Sincronizar a Ciência com a vantagem que a natureza nos proporcionou, certamente, fará do Brasil um modelo a ser seguido em questão de energia renovável.