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Profetas

Profetas existiram, existem e existirão. Segundo o moderno dicionário Michaelis, trata-se do anunciador ou intérprete de uma mensagem divina. Extrai-se daí que todos podem ser profetas desde que anunciem a Palavra de Deus e denunciem atos em desacordo com o preceituado por Ele. No entanto, cuidado, pois existem muitos falsos profetas. Além disso, o verdadeiro profeta nem sempre é bem vindo, bem recebido, pois diz coisas que estão em descompasso com as condutas praticadas nos tempos atuais. Muitos querem uma religião que se encaixe no seu modo de vida depravado, corrompido, perverso.

Querem amigos que digam “amém” a todas as barbaridades que dia a dia cometem, fingindo aceitar e entender situações que só são justificadas pela ganância, pela soberba, pela falta de amor ao próximo, além do desrespeito aos costumes e à moral.

Isso não pode continuar assim! Os profetas de hoje precisam abrir suas bocas, acorrentadas pelo medo. Trazer à tona tudo aquilo que está escondido do entendimento do outro ou que propositalmente escondeu para não ter de refletir sobre suas ações. O mundo está rastejando com o peso de tantos atos impróprios, obscenos, imorais. O profeta de hoje não pode ficar calado, inerte. Precisa agir e cumprir a missão para a qual foi designado.

Não necessita fazer um esparramo. Pode começar entre os seus, após detido exame de consciência. Quem fica calado diante da injustiça, concorda com ela. Quem observa o mal feito e nada diz, consente que ele persista e perdure. Quem ri das peripécias do fornicador ou faz vista grossa àquele que lesa aos demais, incentiva-os a continuarem no erro e passa a ser moralmente responsável por deixar de adverti-los quanto à conduta inadequada. Não estamos aqui para julgar, mas todo profeta deve se portar como aliado de Deus e não como seu opositor. Quem se omite trabalha para o lado contrário.

Sei que não é fácil apontar erros para quem insiste em praticá-los. Isso pode custar o emprego, um relacionamento amoroso, uma amizade, ou o antagonismo do partido, mas pode lhe assegurar a dignidade, a ética, o compromisso com o bem, e a paz interior.

Reflita sobre tudo aquilo que tem sido forçado a engolir. Os programas televisivos degradantes, o consumismo desenfreado, o individualismo enaltecido e o dinheiro exaltado como um deus. Você concorda com isso?

É o que pensa? É nisso que acredita? Não? Então, por que aceita? Por que fica calado? Por que não toma uma atitude sensata? Por que permite que seus filhos sejam vítimas dessa programação negativa que tentam nos incutir a todo custo?

Se nos calarmos seremos vítimas do nosso próprio silêncio. Então, urge que tomemos uma posição, assumindo nossos valores e deixando de ser camaleões sujeitos ao mimetismo diante de cada paisagem, imitando as cores do ambiente nos quais nos encontramos, disfarçando-nos. Isso confunde o outro e pode fazê-lo crer que aprovamos o seu comportamento.

Assim, vamos deixar tudo bem claro. E vale o aviso: os mornos serão vomitados (Ap 3,16).