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Capoeira e a ilegalidade

Sobre a origem da capoeira existem algumas hipótese para uns tudo levam a crer que seja uma invenção dos africanos no Brasil, desenvolvida por seus descendentes afro-brasileiros. Criada com a finalidade de diverti-los em seus momentos de folga, era usada como luta, também quando oportuno.

Para outros é que ela teria nascido a partir de danças africanas. Essas danças teriam evoluído com o tempo, ramificando-se resultando na capoeira que é dança e luta.

Independente de sua origem a capoeira, foi utilizada durante o período do Brasil Colônia, algumas vezes como folguedo e outras como luta para se defenderem dos maus feitores (pessoas que se encarregavam de chicotear os escravos quando estes faziam alguma coisa considerada errada).

Nascida como instrumento de resistência e libertação, a capoeira foi vista como uma prática marginal e perigosa, símbolo de criminalidade durante o Brasil Colonial e a República Velha.

Por décadas a capoeira foi considerada como uma doença moral que proliferava tanto no Rio de Janeiro como na Bahia.

Isso devido ao número de negros escravos que a utilizavam. Embora perseguida, ao longo de todo o período imperial, apenas em 1890 a prática da capoeira passa a se constituir um crime, permanecendo como tal até a década de 1930, quando é liberada pelo Estado Novo.

A condenação mais dura da capoeira acabou se dando nos anos que seguiram à libertação dos escravos. Multidões de trabalhadores negros, abandonando as fazendas, chegavam às cidades maiores, como Rio de Janeiro, Recife e Salvador em busca de empregos. Sem qualificação e sem qualquer apoio, foram se instalando na periferia, vivendo de pequenos expedientes, humilhados e famintos, constituindo-se no caldo ideal para o aparecimento de assaltantes e ladrões, que viam nessa atividade a única saída para a fome, a miséria, o descaso, a discriminação.

Surgiram, então, espontaneamente, as “maltas” (conjunto ou reunião de gente de condição económica inferior), capoeiristas que usavam sua técnica para assaltos fulminantes, enfrentamentos com a polícia e para tirarem a teima dos valentões.

Defendiam a sua precária liberdade, ora empregando apenas a agilidade muscular, ora valendo-se de cacetes e facas. As maltas, além disso, eram ótimas guardas para altos funcionários e grandes proprietários, que alugavam seus serviços para segurança de monarquistas (Nagoas) e de republicanos (Guiamuns). Bastava uma banda de música, um comício, uma festa profana ou religiosa, um acontecimento cívico ou qualquer atividade em que existisse aglomeração popular, e lá estavam os capoeiristas (maltas) “vadiando”, aterrorizando e dando o seu jeito de corpo para se safar.

O certo é que as maltas de capoeira inquientavam os cidadãos do Rio de Janeiro e da Bahia e se tornaram um problema para as autoridades, já que entre os chefes estavam os filhos de famílias ilustres, de almirantes e altos funcionários, induzindo, então, à questão: a mando de quem essa maltas estavam a serviço, dos monarquistas ou dos republicanos?