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Síntese objetiva: a objetividade do conhecimento histórico

Conhecimento histórico pode ser considerado como um esforço do historiador em recuperar o passado das vivências dos sujeitos. Essa construção é dada a partir da pesquisa, fundamentada nos documentos. A partir daquela pesquisa, então, concluímos que há duas histórias: a história acontecimento e a história conhecimento (a que é construída pelo pesquisador). Assim, aquilo que nos chega é uma versão da história, uma parcialidade do acontecimento, o resultado de uma relação sujeito-objeto, um discurso sobre a vivência social.

Na busca do conhecimento histórico há de se verificar uma objetividade e uma subjetividade. O movimento social, que está dentro das sociedades, e exterior ao historiador é o que podemos chamar de objetividade, enquanto o ângulo de visão do sujeito que observa o movimento social, que trás em si sentimentos, valores, cultura, é a subjetividade. Ao chegar a suas conclusões, o pesquisador passou por todo o esquema de aprendizagem, domínios de métodos, reconhecimento acadêmico até estar apto a formar a sua “verdade” histórica.

Utilizando-se das fontes, das reflexões, o historiador vai descobrindo e explicando o fato histórico. Porém, até onde esse seu parecer pode ser considerado uma “verdade”? Contendo, portanto, sua subjetividade, seu modo presente de pensar, a “verdade” do historiador é apenas seu ângulo, seu ponto de vista, sua (re)interpretação dos acontecimentos.

Isso pode ser considerado o esforço mais difícil do historiador, um esforço de evitar as influências de interesses pessoais, preconceitos, e até uma imaginação criadora. Desta forma, mesmo com toda tentativa de imparcialidade, há de se convir que o historiador constitui uma parte da história ao imprimir no conhecimento suas intencionalidades, interferindo com sua personalidade à medida que refleti as ações históricas.

Essa imposição da subjetividade é visível através das fundamentações teóricas do historiador, de sua ideologia. Não podemos negar que o homem que discursa é o mesmo da vivência social. Portanto, essa relação sujeito-objeto, recebe cargas de intencionalidades: tanto o documento, “a porta de entrada do passado” (W. Benjamim) está produzido a partir das relações sociais vigentes de uma época, como o sujeito que o estuda está constituído das características do presente.Desta forma, o conhecimento produzido não pode ser entendido como absoluto ou definitivo e sim apenas relativo. O que se deve considerar aqui é a questão dos múltiplos olhares independentes sobre o objeto estudado.

A “verdade” produzida, portanto, passa por todas as características inerentes ao homem, pois, renunciar seu próprio ponto de vista e seu sistema de valores tornará o trabalho como que sobre-humano ou até mesmo a-humano.

Sendo assim, só o fato histórico é imparcial. O historiador apenas toma a sua posição sobre aquele fato e vê do seu ponto de vista. Desta maneira, dar-se a construção historiográfica: registrando o passado, com a inevitável intervenção do presente.