Artigo

XEQUE-MATE

Num tabuleiro
As palavras em desordem espalham-se
Como as peças de um obscuro xadrex
De difícil entendimento,
Para um rompimento.
Com a minha visão turva,
E confusa
Tento juntá-las,
Decifrá-las
Através do dicionário do meu coração.
Olho desesperadamente,
E vou percebendo
Que eu não soube jogar
Não soubemos jogar
Amadores: eu e você
Você e eu.
E assim as palavras
Abortadas,
Não ditas e
Sem os esclarecimentos, enterraram-se
E com elas se foram os segredos
Ricos e salvadores de nós dois.
Fui Rainha,
Foste Rei,
O enigmático xadrex que não foi feito
para amadores
Fomos amadores.
Dentro de nós,
Criamos um silêncio pertubador
E Longe um do outro
Não compreendemos,
Que em cada um de nós há um mistério,
Um enigma ,
Uma raiva,uma paz,
Uma alegria, uma tristeza,
Uma dor,um bálsamo;
Enfim,um emaranhado de peças,
Um xadrex,
Um xeque-mate.
Na Torre ficamos aprisionados
Separados por grades, vendas e
máscaras.
E como Cavalos teimosos,
Não obdecemos aos sentimentos,
Não saimos do lugar,
Atolamos na esperteza maldosa
Dos peões Capitais,
Que conduziram-nos,
Brincando e zombando
Fazendo os amadores amados perderem-se…
E assim, o orgulho,
O mais perverso Capital,
Se apossou
Nos venceu e nos deu um
Xeque-mate!