Artigo

Pré – conceito

Preconceito no dicionário significa: é Conceito ou opinião formados antes de ter os conhecimentos adequados. 2 Opinião ou sentimento desfavorável, concebido antecipadamente ou independente de experiência ou razão. (http://michaelis.uol.com.br).

Partindo do conceito acima, conclui-se que o preconceito é gerado pela falta de informação, pelo desconhecimento dos fatos, acontecimentos e atitudes. É comum criarmos padrões a partir do que nos foi dito ou revelado, sem, antes, investigarmos e analisarmos se a opinião do outro ou, se o que o outro manifestou é verdadeiro. É raro recorrermos ao dicionário ou a própria história para confirmarmos a verdade das palavras e dos comportamentos sociais e, com isso, vamos repetindo atitudes e falas que geram um grave “apartheid” social.

Tenho como exemplo a “marcha das vadias” que ocorreu em Itabuna no último dia 08/10/2011, ao caminhar pela avenida do cinqüentenário exibindo faixas, cartazes que tratavam de todos os tipos de violência contra mulher, via-se um povo nas calçadas atônitos sem entender o que estava ocorrendo. E muitos perguntavam o que é isso? O que querem? Mas, muito poucos se juntaram ao bando de manifestantes. Ressalto que foram vistos poucos políticos por lá, mas com certeza esses mesmos que lá não estavam irão construir suas plataformas políticas como defensores da violência contra as mulheres.

Como a passeata estava povoada por professores, sindicalistas, jovens e a comunidade LGBT, alguns, inclusive, acreditaram que era um manifesto político ou dos “gays” como se chama pejorativamente. No entanto, pouquíssimos perguntaram por que “marcha das vadias”? Mas, muitos em suas mentes, pensantes, foram tirando conclusões a partir do que se via e do pouco que se sabia.

Penso que a nossa sociedade está doente e produzindo mais doentes a partir dessa padronização de comportamentos, vivemos um mundo onde as pessoas por absorverem os estereótipos se afastam das pessoas e se conectam com formas pré-concebidas e mercadológicas, sem ao menos investigar sobre a verdade.

Não vejo preconceitos contra políticos corruptos, contra usurpadores da nossa dignidade, contra um padrão de beleza que gera meninas anorexas e depressivas, não vejo preconceitos contra a concentração de riquezas, contra os abusos do mercado financeiro que vem provocando a miséria no planeta, não vejo preconceitos contra as imagens negativas veiculadas nos meios de comunicação, contra programas do tipo BBB. Mas, vejo muito preconceito contra aqueles que manifestam que 1305 mulheres em Itabuna no ano de 2011 foram violentadas, seja moralmente ou fisicamente, que manifestam a morte de homens e mulheres que querem ter o direito de escolherem a sua orientação sexual, que manifestam a liberdade de culto dos seus ancestrais a partir das energias da natureza, que manifestam o direito de ser criança ou de envelhecer. E ai eu pergunto: que mal essas pessoas estão fazendo? O mal de quererem ser livres e serem tratadas como gente, dentro de suas diferentes condições?…

É necessário unirmos forças para acabarmos com os estereótipos, pois só assim poderemos construir uma sociedade livre, justa, solidária e sem preconceitos (art. 3º CF) e, como disse Raul Seixas: “Sonho que se sonha só é apenas um sonho, mas sonho que se sonha junto vira realidade”.