Artigo

O trabalho com gêneros textuais em sala de aula – I

O trabalho com a leitura, compreensão e produção textual em Língua Materna deve ter como meta primordial o desenvolvimento no aluno de habilidades que o torne capaz de usar um número sempre maior de recursos da língua, produzindo efeitos de sentido de forma adequada a cada situação específica de interação humana.

Nesse sentido, para o trabalho com textos em sala de aula, toma-se como base as abordagens que versam sobre os gêneros textuais, difundidas por Marcuschi (2005) e pelos Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa – PCN (2001), os quais enfatizam o trabalho com a tamanha variedade de gêneros que circulam no meio sociocultural, a fim de tornar os educandos bons leitores e produtores de textos, a partir de atividades interessantes e diversificadas.

Os textos, de um modo geral, são produzidos em situações e contextos diferentes e cada um deles cumpre uma finalidade específica, atendendo às demandas sociais. Essas diversas modalidades de texto constituem os chamados gêneros textuais, entendidos como “textos materializados que encontramos em nossa vida diária e que apresentam características sociocomunicativas definidas por conteúdos, propriedades funcionais, estilo e composições característicos” (MARCUSCHI, 2005, p.22).

Historicamente, os gêneros textuais foram criados pelo ser humano, a fim de atender a determinadas necessidades de interação verbal (fala/escrita). Assim, de acordo com o momento histórico, pode nascer um gênero novo, da mesma forma que podem desaparecer gêneros de pouco uso ou, ainda, um gênero pode sofrer mudanças, até transformar-se em um novo gênero, razão pela qual, como bem preceitua Marcuschi: “[…] os gêneros textuais não se caracterizam como formas estruturais estáticas e definidas de uma vez por todas” (MARCUSCHI, 2005, p. 29).

Os gêneros textuais também se caracterizam por sua grande variedade, tais como: notícia jornalística, receita, carta, e-mail, bula de remédios, cardápio, piada, romance, bilhete, resenha, lista de compras, cartazes, telefonemas e outros que circulam socialmente, ordenando e estabilizando as atividades comunicativas do dia a dia, já que os mesmos estão vinculados à vida social e cultural dos seres humanos. Igualmente, são maleáveis e dinâmicos, multiplicando-se com o tempo e com o avanço das tecnologias, a exemplo do e-mail, salas de bate-papo, apresentações em slides, blogs, que geram aprendizagem significativa, contribuindo para que o aluno – sujeito ativo – sintase parte deste processo.

Portanto, entende-se que, na escola, uma prática de leitura (constante e emancipadora) deve priorizar os vários gêneros textuais, contribuindo para a construção de um leitor competente, capaz de inferir sobre o texto lido, atribuindo os vários sentidos dos textos, relacionando- o com a realidade vivida.