Artigo

Vivemos numa Democracia?

Compartilho do mesmo ódio de Gramsci quando dizia que odiava a indiferença. Dizemos e pensamos que vivemos num País democrático de direito e de fato, mas o que vemos e assistimos é a derrocada total e absoluta da democracia nesse país onde muitos idealistas morreram torturados pelos tempos de chumbo para que as classes desprivilegiadas tivessem voz e vez.

O que assistimos com a greve dos professores tanto no âmbito federal quanto estadual é a total inércia dos poderes públicos que deveriam nos proteger, mesmo porque recebem os seus altos e nobres salários para isso e nada fazem. Calam-se, se calam… e se silenciam.

Enoja-me essa indiferença.

Os professores tão sozinhos e abandonados são massacrados diariamente pela mídia, quando deveria instaurar através dos meios de comunicação de massa um debate sério sobre os problemas graves e o caos instalado na Educação brasileira, oferecem uma grade de programas pífios, ridículos e idiotizantes que anestesiam diariamente a população brasileira.

Que país é esse? Será que é por isso que nos chamam de (República das Bananas)? Será que é por isso que tem estrangeiro que afirma que a capital do Brasil é Argentina?

Isso aqui é uma piada mesmo e de péssimo gosto. A greve se arrasta por meses, professores sem salários, humilhados no seu direito mais essencial que é o direito à sobrevivência e o Ministério Público que tem por objetivo promover a defesa da ordem jurídica e do regime democrático, e obrigação de zelar pela paz social, devendo ser exemplo de retidão à sociedade, se cala com relação à luta dos professores.

Chego a questionar será que esses doutores da lei passaram pelas mãos dos políticos ou dos professores?

Um país que não protege e nem defende a classe de trabalhadores que deveria ser uma das mais respeitadas porque é o sustentáculo base da sociedade, não merece respeito.

Na verdade o Brasil chegou ao fundo do poço. O déficit de professores passa da casa do milhão. O exemplo disso veja o que esse trecho de um artigo diz:

RIO – O ano de 2012 começará com velhos problemas na rede pública de ensino. Estimativa da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação aponta déficit de cerca de 300 mil professores no país — nas redes estaduais e municipais —, número que corresponde a 15% do total de educadores em salas de aula (2 milhões). Salários baixos, falta de educadores no mercado, ausência de planos de carreira e mau gerenciamento do quadro de servidores — muitos estão desviados de função — são apontados como causas da carência. Para amenizar a crise, estados e municípios recorreram a concursos e contratos temporários, e professores passaram a lecionar em áreas diferentes da sua formação.

Isso só no Rio de Janeiro a famosa cidade maravilhosa. Imagine o Brasil inteiro.

A Bahia está em greve porque os gestores públicos não querem cumprir a lei de um piso nacional do magistério para 40 horas que é de R$ 1.187.

Faço a pergunta que não pode calar. Porque os políticos não trocam os seus salários pelos dos professores?

Uma sociedade que se cala diante dos atos nazistas produzidos por um gestor que se diz democrático e tira da boca a comida de milhares de pessoas não pode ser considerada normal.

Acredito que o silêncio da elite, da maioria do Ministério Público, dos pais dos alunos, dos alunos e da mídia é pior do que os que mataram milhões de pessoas indefesas que morreram nos campos de concentração. Isso me enoja. E gente indiferente para mim já está morta.