Artigo

É sempre uma atrás do outro

É assim a vida da gente, um atrás do outro, através um do outro, respeitando o tempo do outro na fila indiana. Pra frente é que se anda, mas existem pessoas sempre atrás de você, na frente, ao lado, uns atrás dos outros sempre, querendo se dar bem, buscando a realização de suas individualidades.

O que lembra você: um atrás do outro?
Pode ser o número onze, um atrás do outro. Pode ser o número vinte e dois, dois patinhos na lagoa.

Lembra fila indiana. Fila na casa lotérica, fila no banco, fila no restaurante popular, fila na porta do elevador, fila para entrar na festa e no show musical, fila no circo, fila para pegar o avião. Fila da multa e fila da ingratidão.

É sempre assim: um atrás do outro. Uns querendo ser os primeiros, outros querendo ser os últimos; e muitos querendo ficar no meio da fila.

O certo é que é uma fila indiana por onde andamos, tem pessoas que fazem filas para receber bênção e ouvir o pai de santo.

Um atrás do outro, minuto após minuto, em meia hora após meia hora, uma hora atrás do outro, uma semana atrás do outro, mês atrás do outro, ano atrás do outro.

Vamos seguir estes passos, estas pegadas, um atrás do outro rumo ao sucesso, rumo à luz de Deus.

Um atrás do outro na sua individualidade, porém, em fila indiana buscando sua vez de ser atendido e remediado em seus sentimentos e aspirações.

Um atrás do outro aguardando sua vez, sua hora, no pronto atendimento, no pronto socorro universal. Um atrás do outro como os ponteiros do relógio que marca o tempo e a vida, segundos, minutos, horas e horas, sempre um atrás do outro. Na verdade, quem fica parado é poste de luz. É o cadáver que fica inerte enquanto a fila anda em torno dele.

Assim a vida prossegue, uns alegres, outros tristes, outros pacientes, outros tolerantes, uns com amor e outros sem amor, outros persistentes e outros morosos na fila indiana.

A lua depois do sol, a morte depois da vida, o nascer e o morrer. Uma coisa seguindo a outra. Existe sempre alguma coisa atrás da outra, como os espinhos que seguem as rosas, o vento que segue a chuva, e criam as ondas do mar.

O essencial é seguir um atrás do outro as pegadas humanas e segurar firme na corda da salvação.