Artigo

O metrô vai rodar

Meninos, eu vi. Na terça- -feira, 20, ao me arrastar de automóvel pela Bonocô travada, avistei sobre o esqueleto do metrô uma lagarta mecânica. Apurei as vistas e me surpreendi: era mesmo, sem tirar nem por, o trem que os baianos esperam a 12 anos ou mais. Estava parado, inerte. Com certeza o deixaram ali, depois de testes, para a viagem inaugural da linha 1, que tem, como é sabido, seis quilômetros de extensão, absorveu muito recursos, enredou- se nas malhas da corrupção, parou, desencadeou e agora ressurge como um empurrão do governo federal. Injetaram-lhe um tônico poderoso: dinheiro novo.

Não se sabe direito o montante da intervenção milagrosa, porque dessas informações o distinto público é preservado, apesar de muitas lembranças sobre acesso a informações e, de modo geral, a cidadania. Pois saibam agora os céticos que o nosso metrô de braço curto é, ou será dentro de dias, uma realidade não digo palpável, mas transitável. Um privilégio de Primeiro

Mundo que nos chega, não importa o atraso, pelo chamando maior espetáculo televisivo ou ao
vivo do planeta
– a Copa. Reconheço que o governo federal tem razão: ela nos trará dividendo, deixará um legado. Talvez não melhore a educação, a saúde , e a grave questão da segurança se restrinja aos visitantes. Mas ficarão algumas obras inconclusas em aeroportos das cidades-sede e no entorno das monumentais arenas.

Bem-vinda Copa, bem-vindas as exigências e cobranças da Fifa, o pontapé de monsieur Jérome Valcke no nosso traseiro. E se o país for mesmo hexa, “vai endoidecer”, conforme previu a senhora presidenta, e o PT terá mais quatro anos de poder e blindagens do mais resistente peito armorial.

Nada mais me espanta, salvo o comprimento da amostra de trem posta sobre os trilhos. É tão extenso que praticamente não sobrarão trilhos, ele sozinho ocupa o percurso da manga curta. Mas está a caminho a Linha 2, outras vias foram traçadas no papel. Obrigado e desculpe, Sr. Blater.