Artigo

As borboletas

Não há ser mais belo nem mais frágil do que as borboletas. Sejam de cor única ou matizada em cores, as borboletas por si só são a beleza da vida, no mundo fantástico da natureza. O homem necessita dessa fascinante visão bucólica. Impossível mantê-las na selva de pedra com que se constroem as cidades. As borboletas há muito tempo se foram, como se nós não precisássemos mais delas.

Não adianta o cidadão cultivar, nas proximidades da sua casa, essa ou aquela área verde. Dificilmente se deparará com essas visitantes ilustres, na tentativa de resgatar o seu imprescindível contato, devido a perda das características do seu habitat. Mais fácil é ser visitado por morcegos, devendo dar-se por satisfeito, se estes não forem daquela espécie nociva.

Imagine trocar-se borboletas por morcegos. Foi o que o homem conseguiu, quando optou pela vida urbana. Parece que regredimos aos tempos das cavernas, ou que temos parentesco com o Conde Drácula. A importância ecológica na disseminação das sementes, por parte dos morcegos, ficou reduzida a exclusiva e contundente propagação de riscos, suspense e medo, na selva de pedra infértil que são as cidades.

Se borboletas invadissem as cidades, esse clima de insegurança e temerosidade não se instalaria entre os seus habitantes. Seria como se as cidades fossem tomadas por flores voadoras, com variedade de cores, de design e de estamparia, seguida pela empatia da passagem da banda, do palhaço e de todos os artista circenses.

Na ausência das borboletas belas e inofensivas, lembremos da lição de amor deixadas por elas, expressa pela não-violência, quando para se proteger do seu predador, apenas se limita a imitar as espécies nocivas, segundo o fenômeno chamado de mimetismo tadosiano.