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Petrobras, violência e esquecimento: eis o Brasil real

A dívida da Petrobras aumentou
mais de seis vezes desde 2007, segundo as demonstrações financeiras da companhia divulgadas pela própria empresa no começo de março de 2014. O valor, que estava em R$ 39,7 bilhões em 2007, atingiu R$ 267,8 bilhões no final de 2013. Se for considerado apenas a dívida líquida (a diferença entre o que a empresa está devendo e o que ela tem em caixa) o aumento foi ainda mais forte, pois alcançou R$ 221,6 bilhões em 2013, oito vezes mais que em 2007 e 50% acima do registrado no final de 2012.

Dilma Rousseff foi favorável ao negócio da compra da Refinaria de Pasadena, no tempo em que ela presidiu o Conselho de acionistas da Petrobras. No entanto, Dilma se enrolou toda na hora de se explicar, quando o escândalo (mais um!) da compra da Refinaria estourou. Ela disse que se guiou por informações “incompletas”, e por um parecer “técnica e juridicamente falho”.

(Lula já está do lado dela treinando -a para a próxima fase: “Repita comigo, Dilma, ‘eu não sabia, eu não sabia, eu não sabia…’”). Enquanto isso, no Brasil real, muito longe das propagandas oficiais e das mentiras do governo… A Secretaria de Estado de Segurança do Rio de Janeiro, anunciou que 16 pessoas morreram em 15 dias(!) de operações nas dependências do Complexo da Maré. A ocupação do Complexo de favelas da Maré contou com um efetivo de 1.500 homens, sendo 1.180 policiais militares e 130 policiais civis, com apoio de policiais federais, policiais rodoviários e de 250 fuzileiros navais.

E enquanto isso, no Brasil real, muito longe das propagandas oficiais e das mentiras do governo… A morte da auxiliar de serviços Cláudia da Silva Ferreira já não é notícia para a chamada “grande mídia” e não interessa a mais ninguém… Cláudia foi surpreendida no meio de um tiroteio no morro da Congonha, no Rio, quando ia à padaria.

Foi baleada no pescoço e nas costas. De acordo com moradores, os policiais que subiam a favela, atiraram em Cláudia. A PM, por seu turno, disse que a encontrou baleada. Cláudia era mais uma entre tantas cidadãs invisíveis. E, no Brasil, invisíveis, são os pobres, sempre tratados com pouco-caso. O Brasil politiqueiro rouba-lhes a cidadania, o voto e futuro manipulando suas misérias.

Em reportagem do Le Monde Diplomatique-Brasil, Silvio Bava, destacou o tema da pobreza com precisão: “pobreza é, antes de tudo, a impossibilidade de decidir sobre sua própria vida. Pobreza é também a privação de direitos sociais, ou seja, garantir a satisfação de necessidades básicas de todo cidadão.

Estamos falando de segurança alimentar, trabalho, moradia, saneamento básico, mobilidade, saúde, educação, cultura, esportes e lazer”. Para o governo, ser arrastada como um saco de lixo, pendurada pelo pára-choques de uma viatura policial, como o que aconteceu com Claudia Ferreira é coisa natural, porque foi apenas mais um pobre que morreu e a mídia (depois de ter faturado muito em cima da infelicidade alheia), logo, logo esqueceu o assunto. É assim o governo agi: abafa tudo até o esquecimento total.

O (des)governo faz de tudo para calar, arbitrariamente, as vozes discordantes. E para tanto conta com o aparelhamento ideológico implantado à custa dos nossos impostos.

(Desde o segundo ano do governo Lula, as funções comissionadas no Executivo federal só crescem). Como bem disse Aldir Blanc na canção “Querelas do Brasil”, lindamente interpretada por Elis Regina:

“o Brazil não conhece o Brasil, o Brasil nunca foi ao Brazil. O Brazil não merece o Brasil, o Brazil tá matando o Brasil. Do Brasil, SOS ao Brasil”.