Uma Nova Safra

Não pensem que o culto ao vinho é coisa recente. Vamos iniciar nossa viagem há 7.000 anos a.C. por essa fascinante história e os primeiros relatos de sua existência. Uma existência envolta em mistérios, curiosidades e religiosidade. O Berço dessa cultura foi a Região do Cáucaso, hoje conhecida como Armênia e Geórgia. Mas foi na Europa, mais precisamente na Grécia que a vitivinicultura tomou força e espalhou- se por todo Mediterrâneo, cabendo aos gregos sua difusão. Provavelmente, fruto do esquecimento de algumas uvas em um recipiente, surgiu o vinho. Com sua fermentação natural o seu doce líquido transformou-se em álcool e a partir daí os homens começaram a bebê- lo.

Mesmo sem entender o fenômeno e controlá-lo atribuíram o acontecimento aos Deuses, fazendo assim, parte de celebrações e religiões. Na tradição judaica, escritos relatam que a primeira planta cultivada por Noé após o Dilúvio foi uma parreira. Já para os persas, no relato de Omar Khayym msheed, o Rei guardava em grandes jarros uvas para comê-las fora da estação. Um dos jarros fermentou, exalou um forte cheiro, e o Rei então isolou o jarro falando que era veneno. Uma das jovens do harém, com muita dor-de-cabeça, tentou se matar tomando o veneno, mas ao invés de morrer, ganhou muita paz e entrou em sono profundo.

Na Grécia, Dionísio, o Deus do vinho, colheita e felicidade foi repudiado pela Aristocracia, pois a embriaguez fugia aos seus padrões éticos, mas foi integrado ao Panteão, tal era sua importância junto ao povo. As festividades traziam muita agitação com o excessivo consumo de álcool. Em algumas épocas do ano faziam também representações da vida do Deus o que com o passar dos anos deu origem ao Teatro Grego. Dionísio foi adotado pelos romanos com nome de Baco. Na Roma Antiga, os bacanais eram uma celebração de seu culto e tinham caráter orgíaco e delirante regado a muito vinho com grandes banquetes e danças frenéticas onde extravasavam suas energias. Já na tradição cristã, o vinho assumiu definitivamente grande importância ao representar o sangue de Cristo, filho de Deus, na celebração das missas.

A partir daí, as vinhas começaram a ser cultivadas com finalidade litúrgica nos monastérios e abadias. Com o tempo, tornaram-se grandes produtores de bons vinhos. Com sua forte influência na sociedade, o vinho é hoje indicado por médicos como uma bebida salutar. Mas lá no século I da nossa Era, Dioscórides, pai da Farmacologia e Hipócrates, pai da Medicina, quatro séculos antes já mencionavam já mencionavam seu papel medicamentoso. Na próxima edição, continuaremos nossa viagem pelo mundo dos vinhos com a introdução sobre tipos de uva e produção.