Artigo

Eu acredito na força da Palavra!

É uma honra poder falar com vocês, a partir de hoje, neste jornal. Eu acredito muito na força da palavra. Acredito na comunicação. O que mesmo faz o ser humano feliz? Uma pessoa pode ter aparentemente tudo, mas terá pouca alegria se não for atingida pela palavra. É a palavra que constrói o ser humano e nos faz compreender o que somos. É através dela que, desde cedo, aprendemos o que é certo e errado, o que devíamos seguir ou não para sermos felizes. Somos resultado da palavra desde o ventre materno.

Acolhemos as manifestações de amor ou agressividade de nossos pais desde o princípio. Na escola, nos relacionamentos, com amigos, na empresa, a construção da vida passa pela mediação da palavra. E as atitudes? Não somos formados também pelas atitudes que presenciamos e pelas nossas próprias atitudes? As atitudes expressam um jeito de compreender a vida. As atitudes também são comunicação. Elas expressam o que somos. E o que somos é o resultado das muitas palavras que ouvimos, atitudes que presenciamos, experiências que nos tocaram e foram nos formando. Ainda, o que somos é resultado daquilo que nós mesmos fizemos por nós e daquilo que outros fizeram por nós. Por isso, a palavra que ouvimos e as atitudes que presenciamos formam o nosso jeito de compreender a vida e de viver a vida. Normalmente, a pessoa não vive uma vida diferente daquilo que aprendeu. Alguém pode até dizer: “mas eu ensinei diferente para esse meu filho”. Mas o que garante que aquilo que você quis ensinar ele, de fato, aprendeu? Vai perceber somente observando a vida que ele vive. Por isso, dá para dizer que a vida se constrói pela mediação da palavra. E mais, a vida feliz acontece pela força da palavra boa que eu recebo. Não há sentido para a vida sem o alimento da boa comunicação. Não basta falar a verdade. É preciso buscar a verdade daquilo que o ser humano é. E aqui não há respostas prontas e acabadas. Precisamos estar sempre na busca para compreender melhor o mundo e o ser humano. E nessa busca compreenderemos também o sentido de Deus para a vida. Isso passa por aquilo que ouvimos, falamos e lemos. Passa pelas múltiplas experiências diárias. Além da pergunta sobre a felicidade, posso me perguntar: que palavras eu tenho ouvido ou gosto de ouvir? Que palavras tenho falado? O que leio? Não tenho dúvida que as respostas a essas perguntas estão relacionadas com o sentido da minha vida.

Eu gosto de escutar as pessoas porque ali compreendo o que se passa no coração humano. Posso conhecer a pessoa pelas atitudes, mas a compreenderei de verdade quando a escutar. E que escuta preciso fazer? A escuta e a compreensão da palavra do outro não é coisa simples. Muitas vezes as pessoas analisam o que escutam do outro a partir de compreensões superficiais. Para compreender o outro e acolhe-lo, preciso entender o que é o ser humano. Isso aprenderei com a vida, mas não só. Aprendo com a escuta atenta, com a palestra, com o interesse pelas experiências dos outros, com um bom livro, com músicas boas, com mestres que ajudam a compreender a vida e encontrar o seu sentido profundo. Aprendo com experiências de vitórias e de perdas partilhadas e escutadas. Aprendo quando sei escutar a palavra. Quem não escuta a palavra vive uma vida superficial e sem sabor. É como a flor que era para ser bonita, mas murchou por falta de água. A vida passa, portanto, pela mediação da palavra. Não há outra forma. Tenho escutado pessoas que se isolaram do mundo e dos outros. Foram secando interiormente. A fonte da felicidade secou. Estão tristes e sem rumo. Por isso, o que eu desejo para você hoje: “Seja ouvinte da boa palavra. Dela sempre brotará um sentido novo para a vida”.