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Suicídio – Precisamos falar sobre isso

O suicídio burla a ordem natural da vida em escala abrangente, é um acontecimento observável nas mais variadas faixas etárias e em diversas culturas. Ocorre desde que o homem deu-se conta de existir enquanto ser pensante e dono dos seus atos. Verifica- se a existência do suicídio desde os primórdios da humanidade, na antiguidade greco-romana, na era cristã, na renascença e de forma alarmante na contemporaneidade.

Responsável por uma morte a cada 40 segundos, equivalendo a 1,4% dos óbitos totais no mundo, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), o suicídio passou a ser tratado como problema de saúde pública desde 1990, é a segunda causa de morte entre os jovens na faixa etária entre 15 e 24 anos sendo que 75% dos suicídios ocorrem em países de baixa e média renda. Outro aspecto relevante é a relação existente entre a morte voluntária e o gênero. Embora o índice masculino global seja duas vezes maior, as mulheres tentam em maior quantidade, todavia, os métodos utilizados pelos homens são mais letais (armas de fogo e enforcamento), enquanto as mulheres utilizam-se na maioria das vezes de envenenamento.

Apesar da multicasualidade do ato suicida, alguns estudiosos da “suicidologia”, apontam para os Transtornos e/ou transtornos associados como um dos fatores de risco mais importantes para esse desfecho, seguido por: abuso de drogas e álcool, violência sexual, doenças clinicas, desemprego, ausência de apoio social e bullying. A juventude época que representa uma fase de descobertas e alegrias é apontada nos estudos com demasiado crescimento. Vale alertar que o uso indiscriminado da internet, por essa faixa etária merece a atenção dos pais, pois a rede vem sendo palco para grupos que não só romantizam o suicídio, mas exortam jovens a cometê-lo, usando a falsa ideia do desafio, como no caso do jogo macabro chamado Baleia Azul. Faz-se necessário, portanto que a família, mantendo a privacidade do jovem, busque uma forma de contato com ele e abra um espaço de diálogo. Mudanças bruscas no comportamento como, por exemplo, um adolescente expansivo que, de repente, fica introspectivo, agressivo, tem insônia, dorme demais ou passa muito tempo no quarto, requer vigilância. Silenciar sobre suicídio não ajuda a combater o problema. Não é correto afirmar que quem quer se matar não avisa antes, o sujeito com ideação suicida convive com a ambivalência, e o sofrimento psíquico, sendo o apoio emocional fundamental para que o desejo de viver prevaleça. Precisamos aprender a reconhecer os pedidos de ajuda, mesmo entre aqueles que povoam o imaginário social, no geral 90% dos casos de suicídios podem ser evitados.

Existem os quatro D’s podem ajudar a identificar um maior risco para o comportamento suicida, são Depressão, Desesperança, Desamparo e Desespero. Frases tipo: Eu preferia estar morto, Eu não aguento mais, Eu não posso fazer nada, Eu sou um perdedor e um peso para os outros, Sem mim serão mais felizes, são consideradas alertas, assim como podem indicar um pedido de ajuda. O Centro de Valorização da Vida (CVV) é uma entidade sem fins lucrativos que atua gratuitamente na prevenção do suicídio desde 1962, realizando apoio emocional e prevenção do suicídio, atende de forma voluntária e gratuita todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo pelo telefone 141, pelo e-mail – setembroamarelo@ cvv.org.br, por chat e Skype 24 horas todos os dias.

O Setembro Amarelo campanha de conscientização sobre a prevenção do suicídio, com o objetivo direto de alertar a população a respeito da realidade do suicídio no Brasil e no mundo e suas formas de prevenção, foi iniciado no Brasil desde 2014 pelo CVV, CFM (Conselho Federal de Medicina) e ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria) Ocorre durante todo o mês de setembro, sendo no dia 10 comemorado o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio, onde locais públicos e particulares são identificados com a cor amarela e ampla divulgação de informações.

NOTA DA REDAÇÃO: Por uma falha da redação o título dessa coluna na edição de nº 102, Ano IX (20/5 a 20/6) saiu grafado de forma equivocada, sendo que o correto seria: “Depressão: O mal que sempre existiu”.