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Psico soropositividade

Descoberta nos Estados Unidos nos anos 80 a AIDS – Síndrome da imunodeficiência Adquirida é considerada a doença do medo, do pânico e principalmente do preconceito. No Brasil os primeiros casos foram notificados em meados de1982 em São Paulo.

O Brasil é referência internacional no tratamento do HIV/AIDS, pois desde 1996, distribuem gratuitamente os ARV- Antirretrovirais a todas as PVHApessoas vivendo com HIV/AIDS, mesmo assim as estatísticas referentes ao crescimento, não são nada promissoras, fazendo com que o Ministério da Saúde alerte para a eminência de uma epidemia caso não consiga alterar o atual gráfico. Vale ressaltar e chamar à atenção para as faixas ascendentes que apontam considerável crescimento de indivíduos contaminados na faixa etária de 15 à 24 anos (sendo a maior prevalência do sexo masculino) e maiores de 55 anos.

Viver com HIV no Brasil, é viver em estado de ambivalência, pois, se por um lado pode-se tranquilizar pelo fato de ter a garantia do tratamento e assistência de equipe multiprofissional em todo o território nacional, por outo lado o preconceito suscitado pela patologia que ainda hoje é relacionada à promiscuidade provoca múltiplos malefícios e profundo sofrimento psíquico que se negligenciado, pode vir a desenvolver Transtorno do Humor, Transtorno de Estresse Pós- traumático e Transtorno de Ansiedade.

O momento da revelação do diagnóstico da infecção por HIV é bastante delicado, requer habilidade e delicadeza do profissional, é como experimentar a desagradável sensação de que está entregando o óbito ao paciente em vida, devido à avalanche de sentimentos e emoções acarretadas no paciente. Sensações como raiva, revolta, culpa, medo, incredulidade, ideação suicida, pensamentos recorrente de morte são os mais frequentes. É preciso entender e perceber que o diagnóstico implica num novo estilo de vida, porém jamais será um limitador da vida. Passado o impacto inicial é comum as PVHA experimentam reações de reajustamento que podem ser relacionadas aos estágios do luto sendo elas: Negação, raiva, barganha, depressão e aceitação. A ordem das fases não segue uma sequência fixa, mas sim, podem se alternar de forma rotineira, ou ainda estacionar em um estágio sendo a depressão o mais comum.

O acompanhamento de saúde mental para as PVHA é de extrema importância, não só pelo impacto do diagnóstico, é necessário pensar e articular a rede de apoio, discutir caso exista a necessidade de compartilhar o diagnóstico com algum familiar e a construção de futuras relações afetivas. Afinal pessoas que tem HIV podem se relacionar com pessoas que não possuem o vírus, e isso é mais comum do que imaginamos, claro que tal situação demanda conhecimento da patologia, do tratamento e adesão medicamentosa.

Trabalhar com PVHA requer do terapeuta uma dose extra de empatia. Sendo necessário que o profissional seja um facilitador, livre de qualquer juízo de valor, possibilitando assim a manutenção de uma relação dialógica, permeada de calor afetivo, favorecendo trocas e construção de novo eu psíquico, promovendo saúde e qualidade de vida ao paciente. Ao ser questionada qual abordagem utilizo no acompanhamento as PVHA, costumo responder que utilizo uma abordagem particular. Abordagem essa que não possui validade científica, todavia tem surtido efeito benéfico aos pacientes, a TCA – Terapia Centrada no Amor possibilita a desconstrução do auto preconceito levando o paciente a acreditar que EXISTA VIDA PÓS HIV.