Artigo

Leishmaniose

Continuaremos a abordar as doenças da pele. Falaremos da leishmaniose que se apresenta sob a forma tegumentar ou seja afetando a pele e as mucosas, e a forma visceral, agredindo órgãos internos. Na pele, a lesão é escavada embora possa ocorrer de outras formas e só o teste de sangue vai comprovar a doença.

Sem tratamento, a lesão progride e, quando acomete a face causa nesta um aspecto de intensa fealdade. Ocorre em diversas partes do mundo, principalmente nas regiões tropicais.

É uma enfermidade veiculada por um protozoário, parasito microscópico, e seu vetor é o mosquito flebótomo, em algumas regiões conhecido como mosquito palha. A fêmea, para desenvolver-se, ao alimentar-se, inocula no hospedeiro o protozoário. No nosso meio, há três hospedeiros para o micróbio: o mosquito, o homem e o cão.O vetor ou mosquito atua transmitindo a doença de homem a homem; de cão a cão; e do homem ao cão e vice-versa. Com o desmatamento, a construção de agrupamentos humanos, cada vez mais as pessoas e os cães são infestados.

Daí, a necessidade da eliminação destes se o exame de sangue for positivo. Deve-se, portanto, para a preservação da saúde humana, colaborar-se nas campanhas de coleta de sangue nestes animais.

A forma visceral da doença ou calazar é mais grave do que a tegumentar. Órgãos como o fígado, o baço e a medula espinhal são acometidos. Em conseqüência aparecem os quadros de febre, infartos ganglionares, calafrios, inapetência, cefaleia etc. traduzindo um quadro grave. Estima-se em oitenta por cento a letalidade. Por que em alguns pacientes não ocorrem a forma de calazar e, mesmo na leishmaniose tegumentar, há pacientes que apresentam apenas uma lesão medindo alguns centímetros e em outros a doença de alastra?

Resposta: a imunidade de cada um. O sistema imunológico funciona como nossos protetores naturais. Em uns ele é bem desenvolvido; em outros não, e inexiste remédio para desenvolvê-lo O Tártaro emético foi inicialmente empregado por Gaspar Viana em 1911 com excelentes resultados, curando-se a maioria dos enfermos. Hoje, usa-se outras medicações na forma injetável.

Lembro-me de um paciente, com uma lesão na perna direita, medindo cerca de oito centímetros de diâmetro e que foram necessárias 203 injeções do medicamento.

Como não há vacina, os habitants de áreas endêmicas devem usar mosquiteiro, e eliminar os animais doentes, além de procurar os postos de saúde para tratamento quando infectados.