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Princípio de visibilidade da leitura

Marisa Lajolo (1982), em uma de suas reflexões sobre o ensino da leitura nas escolas brasileiras, esclarece que o ensino tem servido como pretexto para a inculcação de regras gramaticais, valores patrioteiros, dogmas comportamentais, bem como para a memorização de listas de vocabulário de informações convergentes contidas nos textos e obtidas, segundo perguntas fechadas de questionários duvidosos.

Além disso, os educandos não sabem claramente do que se pretende com as unidades de leitura, as finalidades se tornam reducionistas, pois são descontextualizadas, em termos teóricos, e segmentadas, em termos de sequência curricular. Este ato de leitura é um ato puramente mecânico transformado num fim em si mesmo que contribui para a formação de um leitor alienado e passivo, possuidor de conhecimentos compartimentalizados e superficiais.

É preciso que seja visto como um sujeito cognitivo, capaz de refletir sobre os seus pensamentos, possuidor de valores socioculturais, em constante diálogo com o texto literário. Desta maneira não se estará formando alunos “ledores”, porém, alunos “leitores”, sujeitos críticos, coautores perspicazes, capazes de inferir, questionar sobre o que foi lido, tão necessários à sociedade brasileira.

Daí a importância de se atender ao princípio de visibilidade: o aluno deve conhecer claramente a finalidade do que está lendo, do que se espera dele e o professor, do que pretende com determinada atividade. Assim, será dado sentido à leitura tornando o processo de aprendizagem prazeroso e reflexivo.

O professor deve, em interação com o aluno, propor objetivos para o ato de leitura, considerando o conjunto de habilidades necessárias a sua formação. O aluno, neste paradigma, é convidado a inferir, justificar, julgar, perceber a ambiguidade de termos, enfim, dialogar com o texto, seus intertextos e seu contexto.