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Filosofia e Educação: da antítese a síntese

Ao analisarmos a educação brasileira ouvimos freqüentemente a expressão “crise da educação”. Numerosos estudiosos procuraram diagnosticar essa crise, sendo que, hoje, existe um certo consenso ao se afirmar que essa crise é devida, principalmente, à qualidade da educação. As “tecnologias informo-comunicacionais”, segundo Ciro Marcondes Filho e Pierre Lévy, seriam os responsáveis por minar a cultura clássica, que era a base da cultura ocidental. Isso leva o crítico Harold Bloom a questionar: “nos dias de hoje, a informação é facilmente encontrada, mas onde está a sabedoria?”

Com efeito, Richard Rorty afirma que a Filosofia é importante porque: 1) as decisões de política educativa retomam questões polemicas da filosofia que as pode clarificar; 2) nos leva a conhecer e investigar as implicações pedagógicas das teorias filosóficas. Logo não existe Educação sem Filosofia, manifestada através da nossa visão de vida, dos nossos valores e dos nossos processos hermenêuticos, de atribuir e descobrir significados. Ademais, os artigos 35 e 36 da Lei 9.394/96, (Lei das Diretrizes e Bases da Educação), se afirma a importância da Filosofia para a busca do Verdadeiro, do Belo e do Bom, além de fazer nascer a interdisciplinaridade, intencionando compreender a sociedade e seus mecanismos.

Em conseqüência pode-se concluir que a relação entre Filosofia e Educação se justifica, a saber: 1) a necessidade de uma visão aprofundada acerca da Educação, levando em conta as concepções filosóficas em relação às quais podem e devem estar fundamentadas.; 2) fazer com que os professores se inteirem dos problemas filosóficos, propriamente ditos; 3) desenvolver o senso crítico afim de ser uma alavancagem para todo o processo pedagógico e de formação dos educandos.

Fazemos nossas as palavras de Merleau-Ponty, para quem o papel da Filosofia na Educação é o de estabelecer a situação do dialogo, através do que ele chama de uma mediação infinita, em que o educando toma consciência, dentro do tempo, dentro do espaço e dentro da sociedade, para que, como afirma Husserl, se estabeleça uma última subjetividade, aquilo que os filósofos chamam de “subjetividade transcendental” que é, em si, a própria intersubjetividade.