Artigo

Medicina, passado e presente

Há algum tempo, apareceu-me um paciente apresentando a parte superior do braço direito edemaciada e avermelhada, fruto de uma injeção. Outrora, eram muito comuns os abscessos causados por aplicações de injeções devido principalmente à má esterilização. Quem tem mais de cinquenta anos deve lembrar-se que até a década de sessenta, as agulhas hipodérmicas (agulhas de injeção) eram esterilizadas num aparelho em cujo compartimento de baixo colocava-se álcool cuja combustão, que não durava mais do que cinco minutos, servia na assepsia das agulhas hipodérmicas. Hoje, tais agulhas são adquiridas já esterilizadas e descartáveis. Tal tecnologia evitam o aparecimento de abscessos e a transmissão de doenças posto que uma esterilização deve durar no mínimo quinze minutos, o que não ocorria com o velho método.

Em 1948, foi sintetizado o primeiro antibiótico usado no tratamento da tuberculose – a estreptomicina. Até aquela data, o paciente era posto num quarto separado, onde recebia seus alimentos em prato e talheres igualmente separados. O contágio com os demais membros da família era comum. Quem tinha uma certa condição financeira procurava um hospital especializado onde se fazia uma intervenção cirúrgica – o pneumotórax. Os métodos de diagnóstico melhoraram com o advento da radiografia e o exame de escarro. Hoje, o tratamento da tuberculose dura seis meses e, já no primeiro mês de tratamento, o doente já não transmite, na maioria das vezes, a doença.

Outrora, os epilépticos viviam no desespero, na expectativa de serem colhidos a qualquer momento por uma crise epiléptica. Com o aparecimento do fenobarbital, essa situação mudou. Hoje, os médicos já dispõem de anticonvulsivantes que controlam bem tais crises.

Quando não havia anestesia, o bom cirurgião era aquele que conseguia no menor tempo operar seus pacientes. Muitos destes preferiam morrer a procurar um cirurgião. Por acaso foi descoberta a anestesia. Um cidadão norte-americano, que momentos antes tivera aspirado éter, dera uma canelada fortíssima numa cadeira e não sentira dor. Estava descoberta a anestesia.

Em 1929, Fleming, um médico escocês, saíra de férias e deixara no seu consultório algumas placas de petri semeadas com bactérias. Ao retornar, verificou que o crescimento bacteriano fora detido por um halo. Este halo era formado por fungos da espécie Penicillium notatum que secretava uma substância – a penicilina –que impedia o crescimento bacteriano. Somente depois da Segunda Guerra Mundial, a penicilina começou a ser produzida industrialmente, modificando o quadro das doenças bacterianas. Após o feito notável de Fleming, novos antibióticos foram sintetizados trazendo esperança e cura para milhões de enfermos.