Artigo

Aqui foi a casa de seu fulano

Das guerras entre os povos an¬tigos, uma se destaca: a dos gregos e troianos descrita por Homero no famoso poema ILÍADA. Discute-se a respeito de sua historicidade; res¬tos, porém, de uma cidade de mais de uns 1200 anos antes de Cristo, na Turquia, são atribuídos a Tróia, palco dos sangrentos acontecimen¬tos.Segue o resumo da história segundo o citado poema. A guerra de Tróia foi um conflito entre gre¬gos e troianos. Aconteceu por causa do rapto da princesa grega Helena (esposa do rei Menelau), mulher de extrema beleza. O príncipe troiano, Paris, foi a Esparta, apaixonu-se por Helena e a raptou. Com o rapto da esposa, o rei Menelau, enfureci¬do, fez com que os gregos organi¬zassem um exército descomunal, com inúmeros navios.Tróia ficou cercada por dez anos e o conflito terminou somente após a execução do plano de Ulisses, o mais atilado entre os gregos . Sua idéia foi pre¬sentear os troianos com enorme ca¬valo de madeira, dando a entender que os gregos desistiam da guerra e o cavalo era um presente de paz. Os troianos deixaram o cavalo ser con¬duzido para dentro da cidade. Após longa noite de festejos, os troianos foram dormir exaustos. Nesse mo¬mento, os guerreiros gregos, escon¬didos dentro do cavalo, saíram e abriram os portões das muralhas para os outros entrarem. Tróia foi literalmente arrasada.

A propósito, me vem à memória esta frase de sabor virgiliano: Hic quondam Troya fuit. Aqui já foi a cidade de Tróia. A qual agorinha “ouço” da boca de D. Quijote derro¬tado: “Aqui fue Troya”.

A história da guerra e a frase me vieram à mente por causa da destruição de velha e espaçosa casa ao lado da nossa para a construção de grande edifício. Desde agora, quem passar por esta rua poderá dizer: Aqui foi à casa de Dona N.N, frase que transformo no titulo des¬ta crônica: AQUI FOI A CASA DE SEU FULANO. Esse fulano poderá ser o Doutor Tal, o famoso cantor Tal, o renomado ator Tal, o notável homem público Fulano de Tal, que já se foram ou irão da mesma for¬ma que sua casa foi ou um dia irá. Lembro-me de que o extraordinário astro da TV dos USA, Dom Fulton Sheen, padre conciliar,de saudosa memória, disse certa vez que com as guerras arrasadoras de hoje, um dia se poderia falar assim: Aqui já foi New York. Referindo-me a estes dizeres, numa reunião de professo¬ras do FISK, uma delas recordou o episódio da destruição das duas Torres, símbolos da grandeza dos Estados Unidos. E agora me lem¬bro também da tremenda conclusão dos cientistas: que as geleiras do polo sul estão se derretendo em rit¬mo acelerado com as mais trágicas consequências para a terra. E mais uma lembrança através destes fa¬tos, a advertência de São Paulo aos Coríntios A figura deste mundo passa! (ICor. 7,31) De fato, cedo ou tarde poderão dizer sobre de¬terminadas casas: AQUI FOI A CASA DE SEU FULANO, e ain¬da: SEU FULANO “FOI”… ISSO E AQUILO…porque “ a figura deste mundo passa.”
Recebi ultimamente importan¬te e-mail onde o autor relaciona a velhice com a lei da entropia: “A energia de um corpo tende a se degenerar e com isso a desor¬dem do sistema aumenta.” As¬sim, tudo o que foi composto será destruído. Se você deixar seu carro dez anos desamparado sobre um monte,você o encontrará todo cor¬roído. É a mesma lei que leva o ser humano à velhice. Depois de certo ponto, começa tudo a decair, a en-fraquecer. Inútil esticar de cá, es¬ticar de lá.

Conclusão: aproveite o presen¬te para agradecer a Deus por tudo, para fazer o bem, sorrir, gozar da vida, sem se desesperar quando alguma coisa morre, porque afinal tudo aqui morre.