Artigo

Combatendo as infecções

          Numa época em que a humanidade não possuía nenhuma arma para combater as doenças infecto-contagiosas, o morticínio por aquelas enfermidades era grande. Durante o Império Romano, as pessoas, quando embarcadas, se adoecessem com tais doenças, para evitar contaminar a tripulação dos navios, eram atiradas ao mar.

          Ainda na antiguidade alta, ao surgir uma moléstia contagiosa, as cidades eram cercadas com imensas fogueiras. Predominava a teoria dos miasmas, as doenças vindo pelo ar. Demorou um pouco para os estudiosos compreenderem que a contaminação ocorria de homem a homem.

          No século XVI, Edward Jenner, observou que as ordenhadoras de vacas apresentavampústulas nas mãos e jamais adoeciam de varíola na forma humana. Bom observador, ele intuiu que elas eram contaminadas pela varíola das vacas, uma forma benigna. Por que não pegar um pouco da secreção das pústulas das mãos delas e inocular no braço de alguém? O pai de James Phips aceitou que Jenner escarificasse o braço do garoto e introduzisse na ferida a secreção. James Phips nunca pegou varíola.

          Mais de um século depois, exatamente em 1 928, na Inglaterra, Alexandre Fleming, saindo de férias, deixou em seu consultório algumas placas de petri semeadas com bactérias. Ao retornar das férias, descobriu que em torno dos micro-organismos havia se formado um halo de fungos, impedindo o crescimento delas. A colônia de fungos foi identificada como Penicillium notatume a substância excretada foi nomeada de penicilina, a primeira classe de antibióticos.

          Em 1 935, Domecq, na Alemanha, sintetizaria as sulfas, muito utilizadas na Segunda Guerra Mundial e até nossos dias. Diferentemente dos antibióticos, que são sintetizados por um ser vivo, as sulfas são substâncias produzidas não utilizando um ser vivo.

          As pesquisas de Fleming foram continuadas por Howard Florey e Ernst Chain que descobriram um método de purificar a penicilina para ser usada em humanos. Os esforços daqueles dois pesquisadores eram tão intensos que na noite de Natal de 1 944, estavam no laboratório buscando aperfeiçoar o método de purificação. A partir daí, a indústria farmacêutica norte-americana muito contribuiu para a produção em larga escala da penicilina. O advento deste antibiótico foi tão grande no combate às doenças infecto-contagiosas que Fleming, Florey e Chain receberam o prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia de 1 945. Eles não patentearam seu trabalho.

Outros antibióticos e vacinas vieram e hoje, as pessoas se beneficiam com o progresso da Ciência e, então, deve-se olhar para o passado e render homenagens a homens e mulheres de ciência que dedicaram suas vidas, debruçados sobre os microscópicos, no anseio de minorar os sofrimentos da Humanidade numa proporção que jamais imaginariam.