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Seagri e IF Baiano instalam área experimental de seringueiras em Catu

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Equipe durante plantio de mudas da seringueira no campo expeirmental do IF Baiano – Campus Catu

A seringueira é uma árvore conhecida por ser dela que se extrai o látex, seiva que coagula logo que exposta ao ar e é usada para produção de borracha natural, encontrada em mais de 40 mil produtos industrializados. Na Bahia, há expressivas áreas de plantio na região do Baixo Sul, mas a cultura possui qualidades que tornam importantes os estudos para sua ampliação por outros territórios do estado. Nesse sentido, a Secretaria da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura da Bahia (SEAGRI) vem desenvolvendo parcerias para o desenvolvimento do cultivo de seringueiras, tendo um dos campos de experimentação no município de Catu.

A área experimental tem cerca de 1 hectare e pertence ao IF Baiano – Campus Catu, também parceiro do projeto que tem ainda a participação da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (CEPLAC) e da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), através da Superintendência Baiana de Assistência Técnica e Extensão Rural (BAHIATER).

“A seringueira é um componente arbóreo perfeito para programas de agricultura sustentável. Ela é uma planta adaptável a variedades de solo e clima, em seus diversos clones”, explica o agrônomo José Raimundo Bonadir Marques, especialista em seringueira e um dos coordenadores do projeto pela CEPLAC. “Diversificar a área de plantio pela Bahia é importante para o controle de pragas e também estratégico do ponto de vista comercial. Há um mercado enorme para os produtos do látex, um mercado mundial. A planta, também, vive décadas, o que é outra vantagem para os sistemas de plantios agroflorestais, como o que estamos desenvolvendo nesse jardim clonal de Catu”, prossegue o pesquisador baiano que, aliás, possui até variedades de clones de seringueira que trazem seu sobrenome, Bonadir, resultados que são de seus estudos.

“Seguindo os princípios do sistema agroflorestal, a área em Catu traz as seringueiras em associação com outras culturas agrícolas, como os citros e o cacau, dentre outras. Assim, pode-se acrescentar outras possibilidades, como hortaliças, culturas anuais, por exemplo”, explica o engenheiro agrônomo Assis Pinheiro Filho, que é diretor de Desenvolvimento da Agricultura da Seagri.

Marcelo Libório, também engenheiro agrônomo e coordenador de Estudos e Projetos Agrícolas da Seagri, destaca a importância da parceria entre os envolvidos. “O somatório de esforços entre Estado, em suas diversificadas instâncias de assistência a agricultura, com o espaço educacional e a comunidade é a melhor forma de se encontrar opções adequadas de culturas para os sistemas agrícolas. Dessa forma vamos multiplicando as possibilidades de se transformar áreas agrícolas em empreendimentos viáveis e rentáveis”, comenta.

Pela parte educacional do projeto, a coordenadora das Unidades Educativas de Campo do IFBaiano – Campus Catu, Alexandra Souza de Carvalho, destaca a oportunidade de os alunos da unidade poderem estudar as diversas culturas cultivadas na área experimental. “Somado ao manejo com a seringueira, que por si só já é uma novidade para esta região e a maioria de nossos alunos, temos ainda, nessa área, a oportunidade de aprender a lidar com o cacau, citros e outras frutas, além de hortaliças. É uma oportunidade de se obter ainda mais conhecimentos”, disse a professora, que é formada em Química.

Agrônomo e também professor do IF Baiano – Campus Catu, José Augusto Monteiro coordena o projeto pela parte da unidade educacional. Ele destaca que a iniciativa apresenta aos alunos uma outra possibilidade de agricultura, diferente da monocultura.

“Não precisamos ficar presos na monocultura. Nessa área que estamos trabalhando na escola, podemos prever receitas e fazer experimentações com diversas culturas, em conjunto com a seringueira, os citros e até o cacau. Na área experimental, ainda podemos ter frutas, criar abelhas, ou seja, é uma unidade que pode ir sendo moldada, modificada pelo produtor, a depender de suas necessidades e até do mercado, mas sempre preservando esse componente arbóreo que, no caso, é a seringueira”, diz o professor José Augusto.

Também professor do IF Baiano – Campus Catu, o médico veterinário Osvaldo Santos de Brito comenta que “diversificar culturas em uma mesma área é o futuro de uma agricultura sustentável e, nesse contexto, esta área experimental é de grande importância por fortalecer o conceito agroflorestal para nossos alunos. Esse tipo de experimento é muito importante para a região onde ele é implantado, oferecendo alternativas econômicas ao agricultor”.

O projeto em Catu também serve como “estudo de área de escape de doenças fúngicas que costumam atacar culturas, como nesse caso a seringueira”, como ensina Ana Cristina Souza, coordenadora técnica da BAHIATER. “No Sul do estado”, continua ela, “temos a praga conhecida como crosta negra, que ataca seringais. Ter plantios em outras regiões, como este em Catu, possibilita o estudo de como a praga se comporta em outras realidades de solo e clima. Isso viabiliza o cultivo, multiplicando-o por outras regiões, e nos faz entender melhor as características da planta e da praga que ataca a cultura”.

Texto e fotos: Ascom Seagri