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Alba sedia debate sobre os impactos da exploração de gás de xisto

Evento proposto pelo deputado federal Jorge Solla (PT) na Câmara dos Deputados, foi abraçado na ALBA pelo deputado Robinson Almeida (PT)

A Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA) sediou, na manhã desta sexta-feira (15), uma audiência pública para discutir os efeitos na saúde humana e no meio ambiente decorrentes da exploração do gás de xisto através do método fracking, conhecido também como fraturamento hidráulico. O evento, proposto pelo deputado federal Jorge Solla (PT) na Comissão de Saúde da Câmara dos Deputados, foi abraçado na ALBA pelo deputado Robinson Almeida (PT).

O encontro reuniu representantes de órgãos estaduais e federais, de entidades sindicais e organizações sem fins lucrativos. O deputado Jorge Solla destacou a importância de abordar uma temática considerada de grande relevância para todo o país, e em especial para a Bahia. “Os impactos dessa exploração não convencional de gás de xisto na saúde humana são notórios. Tivemos a informação de que há campos mapeados na Bahia em cima de importantes aquíferos que abastecem nossa população”, alertou.

O instituto Arayara, uma entidade sem fins lucrativos formada por cientistas, gestores urbanos, engenheiros, urbanistas e ambientalistas, foi representado pelos diretores Juliano Araújo e Nicole Oliveira, que apresentaram um quadro preocupante com os danos da exploração de gás de xisto por fracking ao meio ambiente e à saúde humana. Nicole, que também é coordenadora da Coalizão Não Fracking Brasil (Coesus), explicou que o procedimento no subsolo envolve uso de milhões de litros de água potável e diversos produtos químicos que são injetados com jatos de alta pressão nas rochas para fraturas, permitindo assim a extração do gás.

Devido aos danos e riscos causados ao solo, ao clima, às águas subterrâneas, às economias locais e à saúde humana, a prática já foi proibida em alguns estados brasileiros e em países como Alemanha, França, Holanda, Suécia, Bulgária, Polônia e Israel. No Brasil, contextualizou Nicole, o fracking põe em risco 1.756 municípios, 191 terras indígenas, 307 unidades de conservação e 127 territórios quilombolas.

O diretor Juliano Araújo falou dos impactos do fracking, como a esterilização do solo, com prejuízos à agricultura e à pecuária, a poluição do ar e casos de crianças que nasceram com má formação devido à exposição das mães grávidas à contaminação por elementos utilizados na exploração. Ele também ressaltou que, com a proibição da extração do gás em estados sulistas, aliada ao esgotamento de poços em áreas autorizadas, os olhares se voltam, agora, para a Bahia e para o Maranhão. “É importante chamarmos a atenção para o fato de que todos os estudos comprovam os danos à saúde pública. Do ponto de vista legal, somente um projeto de lei pode proibir a prática no estado”, apontou.

O deputado Robinson Almeida se comprometeu a apresentar na ALBA um projeto de lei que proíba a extração do gás através pelo método fracking em território baiano. “Por tudo que já conhecemos até aqui, utilizar o fracking é, me perdoe a força de expressão, um estupro à natureza. Um ato violento, uma insanidade. É necessário um freio moral a quem se dedica a isso”, frisou.

O deputado Jorge Solla informou que tramita na Câmara dos Deputados o PL nº 1935/2019 que proíbe a exploração de jazidas de gás natural por meio da fraturação hidráulica do solo de modo a forçar a abertura de fissuras existentes e extrair petróleo ou gás.

O evento realizado na Sala Eliel Martins também teve a participação da superintendente de Vigilância e Proteção da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), Rivia Barros; o superintendente do Ministério da Saúde na Bahia, Carlos Trindade; e o analista ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Cristiano Vilardo. (Ascom da Alba)