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Esporte e educação básica são princípios da inclusão digital

Cresce a percepção de que o esporte pode ser um importante instrumento para tirar crianças e adolescentes carentes das ruas e dar a eles a oportunidade e de garantir um futuro melhor. Embora não se tenham estatísticas confiáveis sobre inclusão social em Itabuna, não é difícil afirmar, com boa dose de certeza, que o esporte tem sido, de longe, o principal fator de inclusão social, nestes seus quase 100 anos de emancipação política e administrativa.

No início, a poderosa ferramenta de inclusão social restringia-se apenas ao futebol, mas, aos poucos, felizmente, ela expandiu sua benéfica atuação para o vôlei, o basquete, o atletismo e, mais recentemente, para atividades esportivas menos conhecidas do grande público, como, por exemplo, o tênis, as lutas marciais, a sinuca e o “skate”, dentre outras modalidades.

Não podemos esquecer o papel que as artes, principalmente a Música Popular Brasileira-MPB, Arrocha, Axé Music, seus inúmeros autores, bem como e, sobretudo, os instrumentistas – para cada autor de sucesso da música há, no mínimo, dez músicos -; o artesanato o, o cinema e as festividades populares (carnaval, festas juninas, eventos evangélicos, etc.) também desempenharam como instrumentos de promoção social. Em razão da ausência de dados ou de estimativas minimamente confiáveis, não podemos dizer, por exemplo, quantos cidadãos itabunenses pobres foram beneficiados (incluídos socialmente) durante o século 20 por esportes, artes, artesanato e festas populares. Mas, com certeza, foram muitas centenas e até mesmo milhares deles. Infelizmente, porém, aquilo que o futebol, o atletismo, a música, nela incluída a comercialização de CDs e DVDs, o “show business”; o artesanato e as festas populares fazem pelas pessoas mais pobres, a péssima qualidade da educação, sobretudo a primária e a de grau médio, anula. Explico melhor: quando uma criança sai das ruas das periferias de Itabuna, para transformar-se em atleta, músico, compositor ou artesão, a sociedade, em geral, se esquece de dar o passo seguinte, necessá rio à sua completa inclusão social, e à do restante de sua família, que é a escola gratuita e de boa qualidade. Sem ela, a eventual mobilidade social, resultante da inclusão social de uma criança carente e de sua família, não se mantém no tempo. Tão logo a ex-criança carente, transformada em atleta de renome, encerrar sua carreira, o que, em geral, acontece em pouco tempo, reiniciase o ciclo vicioso da carência social. Se, ao contrário, houvesse uma educação básica de qualidade, a reversão da inclusão social não aconteceria, porque tanto a atleta quanto os demais membros de sua família encontrariam empregos no mercado de trabalho.

Nós, da Secretaria Municipal de Esportes, bem como demais entidades dedicadas à promoção social, fazemos a nossa parte. É preciso, porém, que os pais e o governo, em todos os seus níveis, se esforcem para garantir educação básica de qualidade, e voltada para o mercado, para todos os itabunenses.

Só a educação básica de qualidade, aliada a prática esportiva, garante a inclusão social permanente por meio do acesso a empregos qualificados e bem-remunerados, disponíveis
no mercado de trabalho.