Artigo

O Movimento estudantil em decadência hoje

Podemos dizer que o movimento estudantil hoje é inexistente, tanto nas escolas básicas como nas superiores. Poderíamos até dizer que o movimento estudantil, encabeçado pela UNE, UBES e afins, passa por crise ideológica, identitária e também financeira, depois dos escândalos das falsificações das carteiras estudantis, da Medida Provisória que autorizava qualquer grupo de estudantes elaborar suas respectivas carteiras e por causa de uma certa decepção com o governo Lula.

Sem falar da falta de lideranças políticas consistentes que arregimentem a base discente.

Cada chapa que assume as poucas entidades estudantis existentes, no geral, quer tornar a coisa individualista e partidária.

Querem moldar os cursos, os estatutos, as leis, as resoluções, segundo a conveniência que melhor lhes aprouver. Mas agir que é bom, nada! Agir no sentido de construir coisas boas, coisas positivas para a coletividade, formular projetos, lutar por melhorias possíveis e urgentes, nem em sonho. Agir no intuito de formar consciências críticas, lúcidas, politizadas, para diminuir o quadro da alienação constante ou propor reuniões aos órgãos de direito, para que seja revista, comentada, discutida a posição dos tais cursos, leis, etc., que necessitam ser mudados.

Não sei como os estudantes do Brasil assistem calados, abobalhados, atônitos os fatos surrealistas que acontecem no país.
Acho que esperam a Globo e filiadas fomentarem um complô contra o quadro político, econômico, social, cultural… Como foi no caso do impeachment do presidente Fernando Collor. Sim, porque somos manipulados hoje – e desde muito tempo – pela mídia e os seus interesses capitalistas/elitistas. Somos leitores
vorazes de Vejas, entre outras cegueiras por aí afora.

Deve ser por isso que não lutamos por causas justas, por benfeitorias de estrutura, por igualdade de condições. Ao contrário,
lutamos sempre por greves enfadonhas e que não dão em nada! Não lutamos para impedir os corruptos da vida de se elegerem ou as podridões políticas de ressuscitarem! Não lutamos pelo barateamento do transporte ou o preço único para os estudantes. Não lutamos sequer por um espaço que venda
livros baratos para os estudantes, os hamados “sebos”.

O que estamos fazendo realmente? Reuniões e mais reuniões onde se mostra apenas o radicalismo de cada um; não se discute nada além das posições anárquicas, intelectualóides e pseudo-socialistas, mas sem algo de prático. Discute-se apenas como arranjar verbas para ir a Congressos, Seminários, Encontros lá nos confins do Brasil, sendo que a Universidade não disponibiliza os seus ônibus, nem uma razoável ajuda de custo, outro grande erro, a que, mais uma vez, os alunos assistem passivamente.

Todos quietinhos e calados, feito estacas fincadas ao chão! É engraçado quando alguém se diferencia dos outros e quer tentar ajudar a mudar esse quadro triste do movimento estudantil, e é rechaçado, é tido como utópico ou um solitário.

A verdade é a que assistimos: não se faz nada, não se produz nada, não se melhora nada. E a corrupção e o desmando crescem.
Quanta diferença dos anos de chumbo, quando se lutava corajosamente por tudo, até mesmo para baratear o preço de um bandejão nos RU’s!

O movimento estudantil tem que mudar, tem que perceber a sua força, tem que começar a agir e formar novas lideranças.

Se não podemos contar com a juventude desse país, vamos contar com quem? Com as velhas cobras criadas de sempre?
Com as raposas profissionais da política brasileira?

É necessário que os jovens desse país se unam numa mesma direção e comecem a reivindicar coisas sérias, possíveis e urgentes, como já disse, para só depois quererem mudar coisas mais complexas que demandam tempo, união e boas estratégias.

É necessário mudar o atual quadro do país. Ele sofre e carece de soluções lógicas e humanistas. Precisamos discutir o Estatuto Racial que está em pauta no Congresso, a questão das cotas nas universidades públicas e tantos outros pontos nevrálgicos da nossa sociedade, como a violência e as drogas. É necessário ser gota a gota na rocha, conquistando tudo continuamente, sem desviar do curso, e não tempestade que passa arrasadora, porém sem deixar nenhum vestígio após sua passagem!