Artigo

Crianças e adolescentes, íntimos da violência

É amigo, basta cinco minutos em frente aos telejornais, independente do seu canal de preferência, para que venha a tona uma variedade de notícias relacionadas com a criminalidade e a conseqüente violência descabida e desmedida. O cardápio é bastante variado, existem opções para todos os gostos, o que me faz refletir e questionar a capacidade criativa que o ser humano possui para desenvolver atividades criminosas e praticar a violência atingindo a dignidade das pessoas que tentam viver em paz nesse cenário desolador.

O medo impera. Ao sair de casa, o cidadão de bem não tem a certeza se voltará ao aconchego do seu lar, pois, a qualquer momento pode encarar de frente um indivíduo ou grupo de indivíduos que banalizam a violência praticando atos de verdadeira decadência social. Os crimes e as artimanhas que nos fazem sentir na pele a dor de conviver com o medo constante, são de todos os modos é espécies: contra a vida, contra o patrimônio, contra a família, contra nossas crianças e adolescentes.

Ante essa atmosfera de violência diária e banalizada, estão inseridas nossas crianças e jovens, as mesmas que teriam o papel de construir o futuro do país. Crescem, percebendo a violência e a criminalidade como lugar comum, como algo que decorre naturalmente das relações sociais modernas.

Nesse contexto, é difícil manter uma perspectiva positiva de que haverá uma redução no cenário de violência. O que nos faz concluir como ingênua e inocente a percepção de que essa geração de crianças e adolescentes, íntimas da violência, que marcam brigas pela internet, que vão a festas apenas com o intuito de brigar, entre outras banalidades delinqüentes se tornem agentes de combate, guerreiros de um exercito em favor da convivência pacifica. Nossas crianças, nossos filhos, nossos jovens, parecem acomodados com o atual contexto de violência e se configuram como engrenagens que movimentam ainda mais a máquina da violência.
Chega, basta. Estas são as palavras que devemos semear, tenho a plena certeza de que a violência não é algo comum, ela está comum devido a decadência de valores morais, éticos, humanísticos que foram retirados das relações interpessoais. Para muitos, na atual conjectura social, falar em valores morais é algo piegas, fora de moda. Como falar em valores morais numa sociedade que valoriza o indivíduo que possui, que detém poder econômico, em detrimento daquele indivíduo que esta a margem do poder econômico?

E o ser humano caro leitor, não vale nada? O engraçado de tudo isso, é que aqueles indivíduos que fazem parte dos grupos de maior poder aquisitivo são vítimas tanto quanto os indivíduos que não possuem poder econômico.

A violência está estampada em todas as camadas da sociedade, porque o respeito à vida humana é algo que esta fora de moda, é algo que não se cultiva nas ditas sociedades modernas. Vivemos a modernidade, nos gabamos de sermos uma civilização avançada, uma civilização que chegou aos mais altos níveis de conhecimento científico. Ora, somos tão bons, tão evoluídos, que já conquistamos a lua e estamos indo em direção a marte.
Portanto, a reflexão que deve ser feita, que deve ser abraçada e internalizada é, perceber, como essa civilidade, que atribuímos como inteligência superior, não é aplicada no combate à violência? Como uma sociedade que se diz moderna, avançada, evoluída, não consegue conservar o bem mais importante do ser humano? a vida.