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Sindicatos, educação e um pouco mais

No século XIX, socialistas, anarquistas e demais segmentos de esquerda estavam em disputa quanto à validade dos sindicatos para execução da revolução proletária. Para alguns, ter um sindicato era sinal de concordância com as regras do capitalismo, assim era melhor não ter e fazer logo a revolução. Outros, porém, viam nele um mecanismo para formar uma consciência de classe e, assim, preparar os operários para a revolução.

Passou o tempo e a sociedade mudou, bem como a esquerda. Os sindicatos são uma realidade na grande maioria dos países, servem para expressar a vontade da classe que representam. No entanto – e como gostaria que não houvesse esse porém – nem sempre isso acontece.

Vejamos o caso dos representantes de boa parte dos servidores públicos, em muitos casos é grande a coligação entre líderes sindicais e membros do governo numa relação de custo benefício. Em geral tal fato ocorre com uma troca de favores: o governo cede cargos e benesses para líderes, seus aliados e familiares, em troca tem sua docilidade.

Ora, isso desencaminha a gênese dos sindicatos, afinal, nasceram para combater e tentar produzir uma sociedade melhor, o que tem ocorrido, porém, é a busca desenfreada por benefício não para uma classe, mas para um pequeno grupo. O exemplo do sindicato dos professores é um dos mais gritantes aqui na Bahia. A APLB tem a mais de quinze anos um mesmo grupo, que se alterna no comando: ora um é o diretor, depois vira tesoureiro, depois secretário. Mudam o cenário, mas os personagens são os mesmos.

Percebe-se que ao se manter um mesmo grupo no poder, este tende a fazer não o que é bom para a maioria, mas sim para seus próprios interesses e interesses do grupo ou partido político no qual são filiados. Resultado: a educação fica como está. Faltam professores, salário baixos (aqui uma ressalva, a proposta salarial do governo é melhor do que aquela proposta pelo sindicato, numa clara inversão de papéis), estudantes sem um mínimo básico para tentar mais adiante concorrer a cargos e funções no mercado.

Sempre defendi que em cargos públicos eletivos (vereadores, deputados, diretoria sindical, etc…) deveria ser permitido que a mesma pessoa concorresse apenas por duas vezes na mesma função, creio que assim evitaríamos que muitas propostas que só beneficiam a poucos saíssem do papel.