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Lei atinge maioridade

A Lei de Cotas, que obriga a inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho brasileiro completou maioridade, ou seja, completou 18 anos de existência no último mês de julho.

A Lei de Cotas (Lei Nº. 8.213, que foi regulamentada pelo Decreto Federal Nº. 357), que obriga a inclusão de deficientes no mercado de trabalho, completou 18 anos em julho. Ela exige que empresas com mais de cem funcionários ocupem de 2% a 5% do seu quadro de colaboradores com portadores de deficiência. Dos 27 milhões de deficientes que existem no País, 323,2 estão colocados no mercado formal, de acordo com a pesquisa Relação Anual de Informações Sociais (Rais), divulgada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

E em homenagem a esta importante lei resolvemos divulgar alguns depoimentos de pessoas com deficiência, de pessoas que trabalham com eles, de profissionais que os recrutam e/ou dão treinamentos, bem como os cuidados que devem tomar quando forem em busca de alocação no mercado de trabalho.

Começamos com Eliane Franco Figueiredo, “É preciso ter cuidado na hora de buscar uma vaga de trabalho.

É necessário reconhecer o perfil da organização e ver se há estrutura adequada e, principalmente, plano de carreira”, fala a sócia-diretora da Projeto RH, consultoria que possui núcleo específico para contratação de deficientes.

A auxiliar de administração Andréa Tucci, de 29 anos, teve dificuldade para encontra emprego por causa da deficiência visual. “As empresas só contratam profissionais que saibam andar sozinhos. Tive que aprender a ser independente também”, explica ela, que estuda jornalismo e atua na Didactus, divisão educacional da Festo, da área de automação industrial paulista.

“Quando comecei a trabalhar consegui expor meu potencial e mostrar que a minha deficiência auditiva não interferia na qualidade do serviço que realizo”, lembra Camila Havas, de 27, analista de suporte técnico da Serasa Experian, empresa que oferece soluções para negócios em São Paulo.

Para driblar o desemprego o turismólogo Salomão Lira Júnior, de 31 anos, que é cadeirante e possui movimentos limitados nos membros superiores, vendeu cosméticos e deu aulas de música. Há dois anos e meio, ocupa a vaga de analista de qualidade da Hewlett-Packard (HP), do setor de tecnologia da informação (TI): “Sempre tive forças para ver as dificuldades como oportunidades.”

“Na busca por um emprego, me deparei com vários obstáculos, como o preconceito”, conta a deficiente física Fátima de Oliveira, de 49 anos, secretária da Associação para a Valorização de Pessoas com Deficiência (Avape).

A instituição oferece um programa de capacitação gratuito para deficientes.
Proativos, motivados, dedicados, atenciosos e esforçados.

Estão são as principais características dos profissionais “portadores de deficiência”. E este perfil tem sido reconhecido nas organizações, que buscam preencher seu quadro de funcionários com pessoas capacitadas.

Por conta de tudo isso, perguntamos: Porque a maioria das empresas de nossa região teima em não contratar pessoas com deficiência descumprindo a “Lei de Cotas?”

O que esperamos é que a maioridade da Lei Nº. 8.213/91 sensibilize o empresariado regional, e se não, que o Ministério Público seja mais atuante e faça cumpri-la.