Artigo

Etanol do Brasil, a energia que vai mover o mundo

A indústria sucroalcooleira figura entre as mais tradicionais e antigas no Brasil.

A cana-de-açúcar representa uma cultura amplamente desenvolvida desde o período colonial, onde o açúcar foi, durante alguns séculos (XVI ao XVIII), produto de exportação básico para a economia brasileira.

O emprego do álcool proveniente da cana-de-açúcar como combustível ocorreu antes da Segunda Guerra Mundial.

Em um começo, produzia-se álcool anidro para ser adicionado à gasolina como oxigenante. Mas foi em 1975 que a indústria ganhou um novo impulso no Brasil, após a primeira crise do petróleo, quando foi instituído o Proálcool. Este programa governamental tinha como meta principal, em sua primeira fase, a expansão do uso do álcool anidro na gasolina e, em uma segunda fase, a produção de álcool hidratado para ser utilizado como combustível substituto da gasolina.

Para se ter uma idéia, entre 1975 e 1985, a produção de cana-de-açúcar quadruplicou e o etanol tornou-se o combustível mais importante utilizado no país, onde sua demanda interna experimentou um crescimento importante, sendo atendida principalmente por destilarias autônomas privadas. Neste contexto, para cumprir as expectativas do novo mercado, a indústria sucroalcooleira iniciou um desenvolvimento tecnológico que faz hoje do Brasil referência mundial na produção de etanol a partir da cana-de-açúcar.

Entretanto, os subsídios e a barreira protecionista praticados por parte de alguns países desenvolvidos chegaram a colocar em dúvida o avanço que o produto pode ter internacionalmente.

Os argumentos favoráveis ao produto brasileiro são bastante sólidos quando confrontados com o etanol dos Estados Unidos, maior produtor mundial (o Brasil perdeu a liderança em 2007) e que utiliza o milho como matéria-prima na maior parte do seu território. Comparando-se o balanço energético obtido através dos dois produtos, tem-se: para cada unidade de energia utilizada para a fabricação do etanol a partir da cana, produz-se uma quantidade de energia quase sete vezes maior que a produzida pelo milho. Em termos ambientais, a vantagem também é significativa: o etanol de cana reduz em 44% a emissão de poluentes contra apenas 16% do etanol de milho. Recentemente, o Governador de São Paulo, José Serra, em seu discurso feito na abertura do Ethanol Summit 2009, apresentou dados que mostram que, entre 2004 e 2008, a frota flex daquele estado poupou cerca de 35 milhões de toneladas de dióxido de carbono. Isto equivale a um plantio de 110 milhões de árvores em 20 anos, segundo suas palavras. Ressalta-se ainda que este artigo não avalia o quanto o etanol de milho afeta negativamente o mercado mundial de alimentos, já que é produzido pelo grão mais consumido na indústria alimentícia do planeta. (CONTINUA NA PRÓXIMA EDIÇÃO).