Verdades (Nem tantas), Certezas (Só algumas)

A ciência constitui-se como um ‘corpo de verdades provisórias”, tal qual apontado por Thomas Khun no seu livro “A estrutura da revoluções científicas”. O conhecimento na ciência é sempre verdadeiro, no entanto, ele é provisória dado que novos problemas são sempre postos à sociedade humana. As explicações existentes muitas vezes não mais conseguem responder satisfatoriamente a essas novas indagações.

Assim desconfio, e você também caro leitor deve desconfiar, de toda explicação dada de forma absoluta e sem contestação sobre história, economia, direito e várias outras áreas do saber humano. Ao longo de minha caminhada como historiador, tenho adquirido certo conhecimento sobre o passado colonial brasileiro. Ora, quanto mais estudo, mais percebo que algumas indagações efetuadas por professores e estudantes e suas respostas clássicas, tais como: “o Brasil ser subdesenvolvido por ter sido uma colônia de exploração”, “os africanos terem sido escravizados pelos europeus”, “o Império brasileiro ter sido uma época de atraso e ignorância”; são algumas das explicações que, sobre um melhor prumo da pesquisa e da leitura especializada, se mostram sem nenhum fundamento.

Lembro ainda da dificuldade e do sofrimento que passei quando, ao iniciar minha caminhada de leituras e pesquisas, percebia cada dia mais, que toda aquela certeza, que me dava uma “sabedoria e lucidez” para explicar tudo muito bonito e rapidinho, não suportava o confronto com fontes e com o que de melhor era produzido no Brasil e no mundo.

De uns dez anos pra cá comecei a atentar que pra ser um bom professor e um bom pesquisador era necessário uma constante revisão de conceitos e idéias. Além disso, precisava ter em mente que as explicações, em especial as mais fáceis e que a tudo solucionavam, careciam do mais completo embasamento e respaldo científico.

Assim, aqui vai a dica: quando ouvir um “sábio” e “entendido” explicando os problemas do país e de nossa história, de forma simples e sem margens para contestação ao que fala, desconfie. Esse, ou pouco estudou, ou está tentando se fazer passar por aquilo que não é. Um forte Abraço.