Artigo

Educação Excludente

Mensagem: “A melhor maneira de melhorar o padrão de vida está em melhorar o padrão do pensamento”. Anônimo.

O ensino formal no Brasil está enfermo e caminhando a passos largos para a UTI (Unidade de Tratamento Intensivo), pois cada vez mais decresce o nível de aproveitamento dos alunos, especialmente o da rede pública, e cada vez é maior o número de professores que abandonam a rede pública pela particular (que não anda bem também não), ou mudam de profissão, desmotivados por um salário aviltante e vergonhoso. Tudo isso ainda é agravado pela falta de recursos nas escolas, a formação inadequada por parte dos professores e a situação econômica dos alunos, que muitas vezes são obrigados a trabalhar para ajudar a sustentar suas famílias.

Com a mais recente pesquisa sobre o tema, comprovemos como a educação e os jovens são tratados com descaso no Brasil, tornando um dos três piores sistemas educacional do mundo.

Um em cada cinco jovens brasileiros entre 15 e 17 está fora da escola. Ou seja, não freqüenta a sala de aula – o que representa cerca de 20% do total dessa faixa etária. Os dados são da pesquisa feita pela FGV (Fundação Getúlio Vargas), a partir de análises de dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Os principais motivos alegados pelos jovens que estão fora da escola são desinteresses (42%), atividade profissional ou doméstica que impede o estudo (21%) e pela falta de transporte (10%).

Rondônia é o Estado com maior número de jovens que não “querem” estudar por desinteresse, com 13,75%. Já o Acre se destaca por apresentar os mais altos índices do que não estudam por falta de escolas acessíveis, 4,99%, e dos que têm trabalhar 7,88%.

Entre os jovens de 15 a 17 anos, os que têm maior jornada na escola são os de Brasília, com uma média de 4,8 horas por dia. Já o Estado de Santa Catarina ocupa o último lugar, com 3,1 horas. “Isso pode ter a ver com uma tradição maior de esses jovens exercerem atividades rurais”, avaliou o coordenador da pesquisa, Marcelo Nery.

O Rio de Janeiro lidera o ranking de matrícula, com 88% dos jovens na faixa de 15 anos aos 18 anos matriculados em escolas públicas ou privados. Pernambuco está em último lugar, com 75%.

O estudo mostra que o Bolsa Família “impacta pouco” sobre o trabalho em geral e sobre o trabalho infantil de maneira particular.

“Há os que criticam o Bolsa Família por ele, teoricamente, provocar o chamado ‘efeito preguiça’: a pessoa recebe os recursos do programa e não vai trabalhar. A pesquisa mostra exatamente o contrário. Essas pessoas trabalham ainda mais. Pelos dados da PNDA (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), aumentou o trabalho infantil no Brasil entre 2004 e 2005”, disse Nery.

A pesquisa teve como objetivo subsidiar a iniciativa do PDE (Plano de Desenvolvimento da Educação) e dar prioridade à Educação Básica (Educação infantil, Ensino Fundamental e Médio) em “detrimento” do Ensino Superior.

Por conta de tudo isso, tem-se deixando uma boa parcela da população (justamente a que mais precisa) excluída de uma educação formal de qualidade, agravando ainda mais o quadro de miséria do país.