Artigo

Sobre quebra-molas e afins

De repente, sem aviso, eis que ele surge: imponente, robusto, impávido, sabedor de sua força e de suas ordens. Frear, brecar, diminuir, ruir, deter, impedir, quebrar, danar são algumas de suas funções. Ele é o quebra-molas. Impassível em sua tarefa de disciplinar (piorar) o trânsito.

Nas ruas de Itabuna e de muitas cidades de médio e pequeno porte no Brasil ele é um elemento que integra a paisagem urbana e o dia a dia de todos os cidadãos. Mas o que mesmo é ele? Realmente que verdade se nos apresenta a “presença” de um ou vários quebra-molas em nossas ruas?

Ao ver um quebra-mola em Itabuna remeto-me imediatamente a Salvador (metrópole mais próxima) e lembro-me de suas vias de tráfego intenso e rápido sem quebra-molas. Vejo os carros correndo, fluindo (na medida do possível e do engarrafamento, é claro). Penso logo, diante da demonstração de “sabedoria” e de disciplinamento do trânsito em Itabuna como não seria interessante encher as ruas de Salvador de quebra-molas.

Vou mais adiante, que tal colocá-los também nas BRs e estaduais. Seria lindo: a cada cem metros um quebra-mola, imagine, não mais teríamos acidentes graves, nenhum morto por choques entre dois veículos. Beleza que seria…

Mas pensando bem, o uso desse tipo de “acessório” para regulamentar o trânsito no final só demonstra duas coisas:

1) A incompetência de nossos gestores públicos municipais. Como pode uma cidade do porte de Itabuna, centro econômico e político de uma região de mais de um milhão de habitantes se resignarem a resolver problemas modernos com medidas arcaicas? Tal fato só demonstra nossa incompetência em colocar na administração quem deveria estar em casa.
2) Nossa apatia diante da ausência de regras e de sua imposição a todos os moradores e/ou visitantes da cidade. Existem leis, existem normas, precisam ser estudadas, conhecidas, seguidas, impostas. Faz-se necessário que toda a sociedade perceba que no final das contas, ela é a responsável por tal arremedo na solução de nossos problemas no trânsito.

Finalmente, nunca é demais lembrar, que muitos concordam com a proliferação dessas coisas me nossas ruas. Tal coisa atesta nossa ignorância, arcaísmo e pobreza na compreensão e resolução dos problemas que a vida moderna nos apresenta.

Forte abraço.