Artigo

Estrela Sul Baiana

Qual a luz de maior brilho, a luz grapiúna ou a luz da Gabriela?
Desde que me entendo por gente existe uma discussão histórica acerca de quem seria a cidade mais importante, a mais bonita, a melhor para se morar, entre outros aspectos. Se Itabuna ou Ilhéus?

Essa discussão sempre me intrigou, quem é de Ilhéus defende a cidade onde reside, por outro lado, quem é de Itabuna defende a terra grapiúna em detrimento da terra da Gabriela.

Essa “intriga” entre nossas cidades sempre me deixou num constante sentimento de inquietude. É verdade que este aspecto tem uma conotação histórica que nasceu nos tempos áureos dos coronéis do cacau. No entanto, parece que essa “birra” entre Itabuna e Ilhéus, mesmo nos dias atuais, continua enraizada na cultura do sul da Bahia.

Infelizmente, se formos comparar a rivalidade existente entre Itabuna e Ilhéus, poderíamos dizer que é comparável a um flamengo e vasco. Existe uma efetiva separação entre os ilhenses e os grapiúnas, as duas cidades, tão próximas, ao mesmo tempo tornam-se afastadas em função de questões muitas vezes insignificantes.

O que não percebemos é que tanto Itabuna quanto Ilhéus, fazem parte de uma mesma região geográfica, ambas as cidades foram acometidas pela crise da lavoura cacaueira, ambas enfrentam atualmente uma grande crise econômica. No entanto, não juntamos esforços para enfrentar os nossos problemas, preferimos continuar cultuando essa rivalidade, que sem dúvida alguma, só traz uma fragmentação de ações na tentativa de soluções dos problemas econômicos e sociais.

Caro leitor “papa jaca” e caro leitor “papa caragueijo”, essa briga é boba, tanto Itabuna como Ilhéus, passam por problemas sérios, seja no campo econômico seja no campo social. Juntar esforços, unir pensamentos, no sentido de buscar soluções para ambas as cidades, seria algo a ser pensado conjuntamente e assim, fortalecer a região Sul da Bahia, que é Itabuna e é também Ilhéus, somos filhos de uma só terra, correndo em nossas veias a cultura cacaueira, que deve ser preservada, mas deve ser renovada em função de ações revigoradoras da nossa região.

Ao contrário de ficarmos discutindo a quem pertence a Universidade Estadual de Santa Cruz ou a CEPLAC, por exemplo, porque não discutimos como estes órgãos, que pertencem a uma região e não a uma única cidade, como eles poderiam efetivamente fomentar ações concretas no sentido de fortalecer a nossa região, contribuindo assim, para o desenvolvimento social e econômico das nossas cidades irmãs.

E o que falar do nosso Jorge mais famoso, ele mesmo, o Amado, é figura de Itabuna ou de Ilhéus? Diria que ele é do mundo é de ilhéus é de Itabuna mas, acima de tudo, é de todos nos é do mundo Sul Baiano.

No campo da política, dado a essa rivalidade histórica, elegemos representantes para o legislativo estadual e federal que se posicionam em favor da cidade de Itabuna ou da cidade de Ilhéus.

Outro erro, os políticos de Ilhéus e Itabuna devem gerar esforços em favor da região e não de uma cidade em específico. Essa separação política, essa falta de colaboração entre os agentes públicos da nossa região, fragmenta nossa força representativa.

Seja itabunense seja ilheense, seja grapiúna, seja da Gabriela, isso não importa somos filhos de uma só terra, somos geográfica e culturalmente ligados e como tal devemos unir esforços para renovação e revigoração das nossas cidades. Essa rivalidade, ilhéus x Itabuna ou Itabuna x lhéus, é algo que desagrega uma região que necessita de unificação de esforços no sentido de configuração de um novo cenário político e sócio-econômico.