Artigo

O sigilo maçônico

A definição de Maçonaria é bastante clara, tanto quanto o é seu sistema administrativo e a respeito disso nunca houve sigilo algum. Além do mais a localização das sedes dos grandes orientes e das grandes lojas, bem como dos templos e das sedes das lojas, sempre foram publicamente conhecidos e inclusive identificados por símbolos em suas fachadas. A maioria tem na atualidade seus nomes e endereços nas listas telefônicas oficiais, que são também reproduzidos nos envelopes e nos papéis de correspondência. Os estatutos das lojas e as constituições dos grão-mestrados são publicados nos diários oficiais e constam dos registros públicos.

Em época alguma, mesmo nos tempos dos maçons operativos, foi a realização de reuniões maçônicas ocultada ao público, pois a todos os interessados sempre foi fácil saber onde e quando os maçons se reuniam e, na maior parte das vezes, saber quem eram os que se reuniam. Sob este aspecto ficaria melhor se a chamássemos de sociedade discreta, e não sociedade secreta.

Vemos que o “segredo maçônico” em época alguma teve a intenção de encobrir tramas cavilosas ou atividades ilegais. O segredo é mantido na Maçonaria Moderna como elemento de união entre os irmãos, pois sabe-se quando pessoas compartilham um segredo, qualquer que seja a sua natureza, cria-se entre elas um forte vínculo.

Manter sigilo a respeito de atividades institucionais não parece ser algo abominável. A eleição do papa da Igreja Católica, por exemplo, é feita sob o sigilo tão rigoroso que as próprias portas do recinto eleitoral são lacradas pela parte externa, para que nenhum participante possa comunicar-se com alguém do exterior, e vice-versa. Há também o inviolável sigilo da confissão.

A opção pelo sigilo, desde que não se preste à ocultação de ilegalidades, é um direito de cada instituição.

Criticar os segredos de outras instituições sem demonstrar que eles ocultam ilegalidades é, de qualquer forma, uma intromissão indevida e antiética. O Sigilo é, senão o mais importante, pelo menos um dos conceitos mais atacados pelos opositores da Maçonaria.

Assim é que a adjetivação usada pelos inimigos da Maçonaria, rotulando-a de religião ou organização secreta, objetiva impactar os sentimentos, as emoções do grande público incauto, transmitindo-lhe sempre o sentido “negro” do ocultismo.

Ao contrario de nossa Sublime Ordem, as organizações secretas operam na clandestinidade, na ilegalidade, sem paradeiros, sem endereços, em locais “subterrâneos”, desconhecidos e não sabidos. E mais, reúnem-se com fins escusos.

Dizer-se que a Maçonaria é uma organização secreta, dentro desse conceito ocultista usado pelos seus detratores que sofismam na sua argumentação é realmente mera especulação.

Como pode ser secreta uma organização que promove solenidades “brancas”, trazendo para os seus templos autoridades dos três poderes do governo, como convidados ou como palestrantes e, até mesmo, como homenageados?

Como pode ser secreta uma organização que não tem um poder central, como as praticadas por àquelas marginais e herméticas e por muitas organizações religiosas, inclusive as suas inimigas?

A Maçonaria tem sim os seus segredos, não há o que negar. Mas longe está de ser uma organização secreta.

Não seria demais citarmos que o próprio Jesus Cristo, o nosso amantíssimo Redentor, no seu ministério aqui na terra usava nos seus ensinamentos ao povo e aos discípulos, respectivamente.

Quando falava aos discípulos, pedia-lhes sigilo daquilo que ensinava. Entre tantas citações que se encontram na Bíblia a esse respeito, vale mencionar pelo menos a que se encontra em Mt. 17: 9, a qual registra as palavras de Jesus a Pedro, Tiago e João, depois da transfiguração: 9 Enquanto desciam do monte, Jesus lhes ordenou: A ninguém conteis a visão, até que o Filho do homem seja ressuscitado dentre os mortos.

O cuidado de preservar os nossos segredos, o nosso sigilo, é muito importante e deve merecer de todos Irmãos uma grande e firme atenção, para assegurar à nossa Sublime Ordem uma eficiente, tranqüilizadora e cada vez maior segurança. Isso é parte indispensável do comportamento maçônico.

Como no caso da oração, devemos estar sempre alertas, para preservar o “sigilo maçônico”.