Artigo

“Provocador”, Não! Professor, Sim!

Há cerca de dois meses foi veiculado pelo Ministério da Educação um comercial sobre a alfabetização de adultos e, em um determinado momento, uma das atrizes (não sei se uma professora; Deus ajude que não!) dizia que seu papel era a de “provocadora” do aprendizado dos (as) alunos (as).

Desde o início tal propaganda me chamou muito a atenção. Minha formação é de uma época em que o antigo segundo grau tinha, magistério, contabilidade, científico e administração. No magistério tive o contato inicial com o ensino. Ao me encaminhar para UESC optei, por paixão e por querer ser professor, pela História. Três anos de magistério, mais cinco de Estudos Sociais com habilitação em História, seguido de uma Especialização em História Regional e o Mestrado em Cultura, sedimentaram em mim um pensamento e uma idéia que desde o início defendia: o profissional da educação não é um simples ‘facilitador’, ou um ‘auxiliar’, ou ‘uma peça dentro de uma engrenagem maior’, ou um ‘parceiro’, ou um ‘provocador’ e tantas outras teorias/’coisas’ pedagógicas que fui ouvindo e analisando.

Não! O professor é um profissional, com uma competência e um papel único dentro do sistema educacional! Nele incide o papel de dotar alunos (as) de uma concepção e visão de mundo que há de auxiliá-los no seu cotidiano profissional, social, familiar e em todos os momentos de sua vida. Não quero aqui ditar que o professor é deus todo poderoso.

Ainda assim, um profissional competente e conhecedor de suas funções, inigualável em qualquer área do conhecimento. Defendi e defendo hoje que a nós cabe a formação de alunos em todas as suas fases de aprendizado. Tal qual um bom médico é respeitado pela exatidão de seu diagnóstico e pelo conhecimento na área, receitando com precisão a dosagem e o tipo de medicamento específico, cabe a nós professores termos a mesma postura: precisamos ter conhecimento, saber como agir em sala, fazer uso de uma boa metodologia, ler diuturnamente, viajar, conhecer, assim seremos sempre profissionais competentes e não apenas um “provocador”.

Sou “Professor”, e, (como brinco sempre com meus amigos é ótimo, bem como os amigos professores com quem convivo). Creio que, mais do que nunca, é chegada a hora de todos nós profissionais em educação, passarmos a ter um comportamento que não mais aceite ‘saberes pedagógicos’ de quem nunca pôs os pés em sala de aula e, ainda assim, arvora-se a entender mais do que aqueles que labutam com várias turmas e em diversas faixas etárias (numa turma) diariamente, na luta por uma Educação verdadeiramente emancipadora. Feliz 2010.


1 Com a colaboração do professor e amigo Luiz Cláudio Zumaêta Costa.