Artigo

O melhor não existe

Há pessoas que realmente acreditam saber o que é melhor para todos e se sentem no direito de impor suas opiniões, não se importando em atropelar a apreciação do outro.

Magoam muito e, por vezes, são magoadas. Magoam porque desconsideram a outra pessoa, a sua opinião, o seu sentimento. São magoadas porque se sentem ofendidas quando o outro se recusa a fazer da forma como foi sugerido ou imposto. A verdade é que nem sempre existe respeito no relacionamento.

Sugestões são bem vindas, desde que não sejam obrigações e sim, meramente sugestões. Não podemos subtrair do outro o direito de se posicionar conforme suas conveniências, por mais que elas sejam divergentes das nossas. O que ocorre, no entanto, é que um sem número de pessoas se recusa a aceitar que possam existir indivíduos com opiniões diversas. Isso me faz lembrar algumas cenas do filme The Wall onde todos eram tijolinhos iguais, não havia lugar para o diferente.

A nossa resistência em aceitar o diferente é tão grande que existem em nossa sociedade milhares de pessoas que são desprezadas por características físicas ou emocionais e psicológicas que destoam dos padrões comuns. E, às vezes, muitos chamam de preconceito o que na verdade é pura intolerância.

Quando você tem um pré-conceito, significa que já possui um juízo de valor acerca de determinado fato, idéia ou pessoa. Nem sempre um preconceito é exatamente ruim. Muitos têm sua origem em costumes familiares, falta de informação ou temor infundado que, sendo esclarecidos, deixam de existir.

Já com a intolerância é diferente, pois a pessoa se nega a ouvir, ver, assimilar outra versão. Obviamente, preconceito e intolerância podem ser quase sinônimos quando um abarca o outro, mas separadamente, a intolerância é pior que o preconceito.

Somos intolerantes a cada vez que nos julgamos melhores que os demais e, portanto, capazes de controlar vidas alheias, simplesmente com a imposição de nossas vontades.

Quem é que sabe a melhor forma de falar ou o melhor jeito de ouvir? Quem domina a arte de olhar como se pode e sentir como se deve?A quem cabe decidir o que podemos ou não tocar com nossas mãos?
Talvez, o Cristo nos devesse ter feito com manual explicativo, para que uns não julgassem saber mais do que outros, ao impor seus costumes e crenças, seu modo de falar, sua maneira de agir. Pois, se até o Criador nos deu liberdade, quem nos pode tirá-la assim, ao sabor da própria conveniência?

É na diversidade que o mundo se enriquece. É na pluralidade que encontramos opções. O diálogo é sempre bem vindo, enquanto que as imposições machucam e engessam tentativas de convívio sadio.

Necessitamos aprender mais acerca do respeito. Saber ouvir ainda que não pensemos da mesma forma. Deixar falar entendendo que todos têm voz e vez. Assimilar um outro ponto de vista. Aceitar uma nova maneira de fazer as coisas. Tolerar o diferente, aprendendo a conviver com ele. Tudo isso é fonte de amadurecimento.

Ninguém é melhor que alguém. Somos todos resultado de nossas escolhas e oportunidades.