Artigo

A cidade não para, a cidade só cresce…

Quando duas metrópoles nacionais se unem formam o que chamamos de megalópole. Essa fusão é o resultado de diversos processos de transformações econômicas e sociais, como o desenvolvimento industrial, o aumento da expectativa de vida, a redução da taxa de natalidade e as migrações.

Enquanto na Europa o desenvolvimento industrial levou cerca de 150 anos para acontecer, no Brasil, em apenas 30 anos, o país passou de essencialmente agrícola para industrializado. Paralelamente ao desenvolvimento do setor secundário, as grandes cidades se tornaram foco de atração para os emigrantes que deixavam a zona rural em busca de melhores condições de sustento.

Na nossa região, não encontramos nenhuma megalópole, nem tão pouco uma metrópole, porém, já encontramos diversos problemas que fazem com que um centro urbano cresça desordenadamente.

A atual crise que a região cacaueira atravessa faz com que cada dia mais os habitantes da zona rural migrem para os centros urbanos mais próximos em busca de sua sobrevivência. Quando essa população invade as cidades, não encontra oferta de emprego suficiente e passa a viver na marginalidade.

Alguns ainda tentam sobreviver no mercado paralelo, montando uma banca na rua de maior comércio, vendendo balas nas sinaleiras, canetas nos ônibus, etc. Mas grande parte desses imigrantes começa praticando pequenos furtos e, diante da incompetência dos responsáveis pela segurança pública, tornam-se bandidos, desafiando a tudo e a todos, chegando até a organizar um poder paralelo, o poder do crime.

O poder público tenta coibir de todas as formas a fixação desse mercado alternativo, mas de que adianta retirar os ambulantes das ruas, se não criar novas oportunidades para absorver esse excedente populacional? O que farão esses desocupados sem ter o que comer? Provavelmente vão aumentar as estatísticas da criminalidade. Recentemente, assistimos na mídia nacional, a apresentação da nossa cidade como uma das mais vulneráveis à violência de jovens no país e passivamente aguardamos uma solução dos governantes, enquanto tentamos utilizar o velho jeitinho brasileiro para conseguir nossos objetivos. Já não nos contentamos em tentar subornar os fiscais para fazerem vista grossa diante de nossas irregularidades, passamos agora a oferecer suborno ou fazer ameaças em troca de um diploma nas Universidades.

Em todo o país, vários concursos públicos são cancelados por comprovação de fraude. Até o Enem e o Enade, que deveriam apenas avaliar o nível de ensino do país, são alvo da pirataria.
Com acesso a melhores condições de saúde, ao menos, melhores do que as que tinham acesso na zona rural, a população passou a ter uma expectativa de vida maior e lentamente vem reduzindo a taxa de natalidade, já que não precisa de tantos braços para o trabalho.

O aumento da família significa agora mais uma boca para comer. Como diriam os nossos músicos, a população não quer só comida, quer também dinheiro, diversão, axé. E isto os atuais políticos sabem fazer bem, através de programas como o bolsa família, do tradicional Carnaval, dentre outros, vão ludibriando a realidade, sem fazer as transformações estruturais necessárias para um bom desenvolvimento. Para continuar ganhando a eleição é melhor dar o peixe, do que ensinar a pescar.

Enquanto alguns homens exercem podres poderes, a cidade cresce e assim, não resta dúvida de que a superpopulação é uma das características principais de uma megalópole, porém, seu principal problema é o conflito social gerado pelas desigualdades entre seus habitantes. À medida que os governantes passarem a oferecer melhores condições de saúde, alimentação e trabalho para as populações mais carentes, como está previsto na nossa Constituição, estas poderão viver em harmonia em um grande centro urbano ou em qualquer outro lugar que escolherem para se desenvolver.