Artigo

O corredor de Lola

Isso não é um poema
ela diz.
Apoiada pelo óbvio.

Lola é um filme chato ela diz.
Convidada pelo corredor a acompanhá-lo
do lado de fora.

Sozinha
Sozinho
Nunca sozinhos.

Felizes
como o lado de cá do corredor.

Adolescência tardia não acaba.
O Décalogo de Kieslowski.
Tarantino, Truffaut, Scorsese, Bukowski
Sofia Coppola, Clint Eastwood, Nelson Rodrigues Zidane
Nunca sozinho.

Eles estavam certos.
Família é a quem a gente recorre quando precisa.

O perdão pela heresia é aberto.
O agradecimento pela companhia também.

Salvador, janeiro de 2010

Loca
Tá certo que Corra Lola Corra é um bom filme, e também alemão, mas o assunto aqui é o Lola (1981), de Rainer Werner Fassbinder. Que não é só uma obra-prima de cores e interpretação, as também uma antologia de grandes cenas cujo contraste está mais no mérito dos altos que no demérito dos baixos. Além de ser outra prova (embora não a principal) de que Fassbinder, se não foi o maior, foi um dos maiores filmadores de rostos da história do cinema. É coisa de talento – para todos os lados.

Zidane
Não lembro de já ter falado, aqui na coluna do Direitos, sobre futebol.
Mas, aproveitando a carona do óbvio, nunca é demais lembrar, para quem gosta de agradar os olhos, que pouca coisa é, ou já foi, tão cinematográfica como ver Zidane jogar. Para quem gosta de futebol – já que o filme é menos uma defesa do cinema e das potencialidades de se filmar o caso do que de quão cinematográfico o próprio jogador é – vale a pena assistir ao Zidane –Um Retrato do Século XXI (2006), de Philippe Parreno e Douglas Gordon.