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Barriga x Saúde x Estética

Até pouco tempo atrás ter uma barriga sarada era uma questão só de estética.
Por incrível que pareça, a gordura abdominal, além de ser esteticamente incomoda, traz sérios riscos à saúde.

Segundo a cardiologista Dra. Airma Curtrim, isso ocorre pelo seguinte motivo: “O deposito de gordura abdominal, que nós também chamamos de gordura visceral, faz com que o aumento da resistência a insulina”.

A insulina, que é produzida pelo pâncreas é responsável pela queima da glicose. Quando há excesso de gordura visceral, o organismo produz mais insulina, mas, ao mesmo tempo, aumenta a resistência a ela, produzindo assim um excesso de glicemia, relacionando a gordura abdominal com o desenvolvimento do diabetes.

Além do diabetes, a gordura visceral causa doenças cardiovasculares, principalmente infarto e derrame. Segundo a Dra. Cutrim, a resistência à insulina gerada por essa gordura aumenta em cinco vezes o risco de diabetes, o que acaba implicando uma série de outras complicações.

Já as doenças cardiovasculares, também ocasionadas por essa resistência à insulina, trazem consigo os riscos de hipertensão, problemas de colesterol, aumento de ácido úrico e aumento de substâncias pró-inflamatórias, que são fatores de coagulação no sangue que facilitam o surgimento da trombose, aumentando em até três vezes o risco de derrames e infartos.

Por isso, atualmente a medida abdominal faz parte do exame físico médico e é considerado um fator de risco isolado para determinar doenças cardiovasculares.

Barriga é uma herança dos pais – Muitas pessoas não sabem, mas a tendência à obesidade e ao acúmulo de gordura intra-abdominal é uma herança genética, e não há como fugir dela.

Entretanto a herança genética é apenas um dos fatores que originam a barriga tão indesejada. A Dra. Cutrim aponta a falta de atividade física e a alimentação inadequada como complementos desencadeantes. Outro fator interessante é que o acúmulo de gordura visceral ocorre principalmente nas mulheres e em brancos. Para a cardiologista, provavelmente ela ocorra devido a alterações hormonais. Além disso, o deposito de gordura abdominal é decorrente da idade, ou seja, à medida que envelhecemos há uma maior distribuição da gordura nessa região do corpo. É importante ressaltar que isso ocorre nos dois sexos, mas com mais freqüência na mulher, principalmente devido à menopausa.

A medida certa

O risco de desenvolver as doenças explicadas anteriormente tem uma medida.

Representa alto risco o fato de uma mulher ter a medida abdominal acima de 80 cm, enquanto nos homens há risco se ela for acima de 94 cm. Até bem pouco tempo esses números eram acima de 88 cm para mulheres e 102 cm para homens, mas os médicos perceberam que o fator de risco atingia pessoas com circunferência abdominal ainda menor, e adotaram as novas medidas. No caso das crianças, não há como medir a circunferência abdominal, pois ela varia muito, dependendo do tamanho e da idade, mas, segundo a Dra. Cutrim, já há perigo à saúde se a criança estiver com sobrepeso.

Evite a barriga e seus complicadores De forma geral, mesmo que exista a predisposição, todas as pessoas devem levar uma vida saudável, com uma alimentação balanceada e com a prática de exercícios regulares, que devem ser realizados entre 30 e 40 minutos e, de preferência, cinco vezes por semana.

Segundo a Dra. Cutrim, alimentação correta compreende “trocar o tipo de carboidrato. Trocar o açúcar branco e passar a usar o adoçante. Ou então tirar ou reduzir os mais comuns, como o arroz branco, trocando pelo arroz integral, que tem maior teor de fibras. Isso, de uma forma geral, diminui os riscos de uma hiperglicemia”.

Atualmente a Organização Mundial da Saúde recomenda, para a diminuição dos fatores de risco, o consumo de verduras e frutas. Por isso, mais que uma atitude saudável, alimentar-se bem é uma das formas de prevenção de doenças. Agora, para quem já sofre com a barriga aumentada e com o sobrepeso, a indicação da Dra. Cutrim é, em primeiro lugar, perder peso, passando a comer de 500 a 1.000 calorias a menos do que ingeria anteriormente. Além disso, a dieta, além de reduzir o número de calorias, precisa fazer com que a pessoa adquira novos hábitos, introduzindo em seu cardápio as leguminosas, as saladas, as frutas e os integrais. Outro fator importante é que a pessoa coma ao menos 5 vezes ao dia, alternando as principais refeições com lanches, pois assim não terá tanta fome na próxima refeição e melhorará o metabolismo. Mas a chave para o sucesso da perda de peso esta em incluir no dia-a-dia a pratica de exercícios físicos, porque eles ajudam a controlar o peso e ainda diminui a resistência a insulina, pois fazem com que ela seja mais atuante no organismo.