Artigo

Caminhando e aprendendo as receitas e dicas deste mundo de meu Deus

Dona Odete, veio do Extremo Sul muito triste, parecia que não tinha alma. Os médicos disseram que estava com depressão. O que é isso Doutor, questionou. E ele disse-lhe que era uma doença, mandou tomar o remédio, pois logo ficaria boa.

Passaram os dias, semanas e nada. A situação cada vez mais assustadora. Tomava o remédio e nada de fazer efeito. Tomava chá e nada. Dona Odete era conhecida como uma Senhora disposta, alegre, e que gostava de uma boa prosa, hoje se encontra neste estado.

Preocupada, a comadre foi visitá-la. Levou-lhe as lembranças das companheiras da beira do rio. Olha a surpresa! Dona Tonha acompanhada de Enoi chegou logo depois e disse: amiga, isso é doença de rico. Nós lavadeiras não podemos ter essa doença que esse médico inventou. Suas freguesas já deram suas lavagens para aquela galega falsa que roubou o marido de Joana. Agora, é ela quem está com suas lavagens. Dona Odete, então soltou: ah! Ela vai me pagar! Vou pegar ela. Você vai ver. Coitada dela! E Enoi gritou: você já está curada! Dona Odete começou a chorar.

A amiga fiel, Dona Tonha, disse: vamos ali comigo! Não tenho forças, estou tonta, respondeu Dona Odete. Dona Tonha insistiu e gritou forte: deixa de frescura mulher! Dona Odete logo levantou. Dona Tonha, crioula desaforada, de nariz empinado, do tipo “não como nada”, disse para Dona Odete que não era ela quem sentia aquelas coisas ruins, e foram á feira livre. No caminho, anúncios populares, vendas engraçadas, piadas diversas e muitos risos, contagiaram Dona Odete que também voltou a sorrir. Voltaram para a casa bem alegre, retornando no dia seguinte á feira. Comeram e beberam. Adeus depressão e tristeza.

Comadre você ta curada! Conte tudo que aconteceu na beira do rio. Abriram o bico e não ficou nada escondido. Tem muito a contar ás águas que vão e vêm e, ás vezes ficam paradas. Se mexer dará um conto, e contando não dá para acreditar o que acontece na beira do rio.