Artigo

Vamos Meditar É lua cheia

Dizem que o Evaristo anda cansado de ser sozinho. As moças da vila diziam que ele era “ó do borogodó” em tudo. Coitado, homem trabalhador tinha até uma casa. Um dia, olhando a lua cheia na beira do rio, perguntou a Santo Antônio: Santo Antônio você é casamenteiro mesmo fora de época?

Você funciona mesmo? E concluiu dizendo: quero me casar, mas não tenho ninguém. As mulheres que aqui tem não querem casar-se comigo. O Santo calado estava e calado ficou.

Olha quem chegou à vila de todos os Santos? A Luzia, moça simples e pacata que falava errado, era gaga e zarolha. No fundo se achava só não se encontrava. Antes de sair do seu povoado fez uma promessa ao Santo Antônio, e disse-lhe: quero casar, estou cansada de ser sozinha. O Santo permaneceu calado e ela acendeu velas, fez novena. Saía todas as noites e nada. Estou cansada de procurar um marido, mas não desisto dizia ela.

É Lua Cheia. Sumiram as mulheres da vila, todas com medo do Evaristo que tem fama de bêbado e lobisomem. Um dia, em uma dessas noites de Lua Cheia, deu de cara com a Luzia. Luzia então olhou para ele e disse: obrigado meu Santo Antônio, encontrei meu marido.
Assustado o Evaristo disse: eu? E ela respondeu sim, sim! Você mesmo. Meu Santo Antônio te considerei e confiei com fé. Pedir-lhe uma esposa, o senhor manda uma assombração em meu caminho. A Luzia ajudou para agradecer ao santo, e ele gritava: que fiz eu para receber esse castigo? Santo meu, isto não é mulher, é assombração, dizia. Ela, por sua vez, perguntou-lhe com a mão na cintura: escuta tarado, você tem espelho em casa? Ele prontamente respondeu que não, e ela continuou: você não é gatinho, é lobisomem. Quer saber, eu estou fora. É, a coisa era tão feia para Evaristo que nem a luz da Lua cheia, e os santos da cidade puderam resolver a situação. O amor é a única semente que brota sem plantar.