Artigo

O Comunicador

Sedenta e faminta a tua alma
Das amargas que eleges como facas.

Sanha em que lateja teu ciúme,
A inveja do poeta e suas vitórias.

Prazer de ferir o teu teatro
Onde cães ladram raivosos.

O mundo desumano te fascina
Embora exista a flor até no pântano.

Há o som da foto três por quatro,
A arenga nessa baba enfadonha.

Penduricalhos: óculos e binóculos
Enfeitam teus clichês na rima tola.

Nessa ferrenha disciplina diária
Verdades essenciais não escutas.

No próspero comércio do poder
A falsa glória reserva tua cota.

Barras de ouro ou em sabão
Na miopia da leitura frouxa

Do que aconteceu e acontece
– De que lado não importa.

Assim o sol com seu cristal
Não risca as estações generosas

Que ele põe nos seres e coisas
Quando colhe brisas e chuvas.

Não se acasala com os instintos
A lucidez dos puros sentimentos.

A beleza que renegas da vida
Tece em mim mesmo a cada dia

Os fios eternos do sonho
Entre o luar e a folhagem.

Embalam-me com a aragem
Dos jardins que fecundam formas.

Não demora o tempo a cobrar-te
Isso em que outrora escrevias.

Vestido de nadas no leito solitário
Não deixa dúvidas teu oco resumo.

Justo tributo em metais de silêncio
Sem o tom provinciano diabólico.