Artigo

Um sentido para a vida

Esses dias tive a grata satisfação de reencontrar alguém muito querido. Morou anos no Brasil e há algum tempo havia retornado para a Bélgica.

Veio a trabalho, mas aproveitou para rever os amigos do coração. Uma das coisas que comentou é que as igrejas européias vivem vazias, pois apenas umas poucas pessoas comparecem aos encontros dominicais. A maioria deixa a religião de lado quando ainda criança. O materialismo ocupa o centro das atenções durante a existência. Diante do sofrimento, doença ou velhice, o suicídio e a eutanásia são práticas comuns, e cada vez mais utilizadas pelos europeus. Isso me deixou arrasada!

Que vida empobrecida, pensei. O ser humano necessita tanto de Deus quanto da própria água para sobreviver. Sem Ele, a vida deixa de ter qualquer sentido, pois Deus é o próprio sentido da vida. Fomos criados por Ele e para Ele. Como podemos supor que seríamos felizes afastados Dele? Quanto mais o ser humano se distancia do Criador, mais infeliz fica, e isso é natural.

Deus é amor. Distanciar-se Dele é distanciar-se do amor. Sem amor o mundo fica frio, semgraça, feio. Quem vai querer viver num mundo assim? Descobrir o amor é descobrir o sentido da vida. Não me refiro ao amor entre homem e mulher, mas ao amor universal. Aquele que se sente por qualquer pessoa, animal, planta. Esse amor é a semente de Deus dentro de nós. É aquilo que nos faz chorar diante da miséria do outro, ainda que tenhamos uma vida farta; é o que nos faz indignar diante das injustiças; é o que nos incita ao bem sempre que necessário.

Quando pensamos somente em nós, é o egoísmo que predomina. O egoísmo é solitário; favorece o autoritarismo, o orgulho e a cólera. Tudo quer para si e quando não satisfeito se revolta. Diante das frustrações se deprime e quer morrer. O altruísmo é bem diferente. Ele se compraz com a alegria, ainda que esta não seja exatamente sua. Alegria compartilhada não tem dono, é nossa, contagia a todos. É o amor se espalhando no ar. Ninguém quer morrer, só quer amar e ser amado. O mundo se aquece com a presença do Deus amor e, sem dúvida, esfria com a Sua ausência.

Penso que não devemos buscar o sofrimento, mas se ele vem é porque tem algo a nos ensinar. Abreviar nossos momentos de dor nem sempre é o melhor caminho para a paz. Fico preocupada sempre que vejo o homem buscando tomar o lugar do Criador. Isso nos remete, querendo ou não, a Adão e Eva. Eles queriam ser como Deus, entender os mistérios da existência. Mas, se não entendemos nem mesmo o que o nosso próprio coração deseja; como saber o que é melhor para nós? Às vezes, acho que o homem complica o que poderia ser simples. Será que custa muito deixar nosso orgulho de lado para reconhecer que quase nada sabemos acerca da vida e da morte? Ou vamos brincar de deuses e escolher quem deve ou não existir?

Essa vida é gozada! A nossa ignorância é tanta que nos permite pensar que sabemos muito. Falta humildade no ser humano, com certeza. E isso me faz crer que nem hoje estamos preparados para o Éden, pois novamente comeríamos a maçã.

Quanta necessidade de Deus o homem tem!