Artigo

Substâncias Ergogênicas

O presidente da ACAD Brasil, Claudio Albuquerque e Silva, médico que inclui em seu currículo a especialização em Medicina do Exercício e realiza agora mestrado em saúde coletiva, tem sido fonte constante da mídia nacional para emitir opiniões abalizadas acerca do consumo de substâncias ergogênicas por praticantes de atividades físicas. Veja o que ele tem a dizer sobre o tema na entrevista que segue.

Quais as diferenças – no que concerne a resultados e efeitos colaterais – entre o uso de suplementos e anabolizantes por atletas e por praticantes de atividades físicas?

De forma simples, podemos esclarecer seguramente que poucos indivíduos podem se beneficiar da ingestão de suplementos alimentares de natureza diversa à disposição no mercado.

Os repositores hidroeletrolíticos usados para a reposição de eletrólitos e carboidratos durante exercícios intensos e de longa duração ainda são as formas mais aceitas e lógicas para beneficiar o desempenho dos clientes de academias de ginástica.A dieta balanceada e orientações nutricionais adequadas e atualizadas são capazes de suprir grande parte das necessidades dos praticantes de atividade física regular,sejam ou não atletas.Poucos atletas de poucos esportes merecem uma atenção especial para o uso de suplementos protéicos,em que a necessidade de ingestão de dietas em grande volume acaba simplificando o aporte desses fundamentais compostos para o auxílio na suplementação em suas rotinas alimentares.

E quanto aos atletas de alto rendimento? Mesmo entre eles, existe, atualmente, um cuidado especial na origem e fabricação das diferentes substâncias, visto a suspeita do uso de substâncias ilícitas alocadas de forma irregular e não descritas em fórmulas dessas substâncias presentes no mercado mundial. O uso de hormônios como esteróides anabolizantes e hormônio do crescimento humano não possuem indicação expressa,excetuando-se casos de indicação clínica,endocrinológica e oncológica em restritos e especiais casos.

Como os clientes de academias, não atletas e com objetivo de saúde e bemestar, deveriam ter orientações em relação ao acesso aos suplementos? Médicos especialistas em medicina do exercício e nutrologia são os profissionais mais indicados para orientação alimentar desses indivíduos, mas ainda vemos hoje alguns profissionais de educação física, nutricionistas e fisioterapeutas fazerem orientações formais e informais para o uso de suplementos alimentares em academias de ginástica. Enalteço o importante papel dos nutricionistas na orientação dietética;percebese, porém,a prescrição excessiva de suplementação por alguns profissionais.A sociedade Brasileira de Medicina do Esporte esclarece em recente posicionamento,publicado em 2009,as restritas indicações da prescrição de suplementos alimentares.

Como uma campanha de conscientização quanto ao uso de substâncias lícitas e combate às ilícitas pode auxiliar o mercado de academia? A ilusão pela possível “mágica” proporcionada por substâncias lícitas e ilícitas na suplementação alimentar ainda vem impregnada de lendas e crendices, em muito alimentadas pelos fabricantes desses produtos e pelos rígidos padrões estéticos da nossa sociedade. Precisamos urgentemente tornar público os malefícios proporcionados pelo uso inadequado e, muitas vezes, criminoso de algumas substâncias.

Muito dos sintomas graves do uso dessas drogas acabam por se manifestar apenas em médio ou longo prazo,configurando dessa forma uma imagem distorcida da inocuidade de seu uso.A morte de jovens inocentes pelo inacreditável consumo de hormônios com indicação de uso veterinário e de uso humano ainda deixam clara a vulnerabilidade desse tema,ainda tratado de forma secundária pelos órgãos de fiscalização do Brasil.

Portanto, querido leitor, não utilize qualquer tipo de suplementação sem orientação médica. Bom final de semana para todos.

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Matéria publicada na revista ACAD Dez/2009

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