Artigo

Café Pomar e a Caderneta de Zildo!

O Café Pomar, sempre foi um local de grandes histórias e estórias, de bate-papos entre amigos, jornalistas, advogados, comerciantes e comerciários, enquanto se saboreava um cafezinho quentinho, ou mesmo um chocolate, da hora, degustando um bolo caseiro, de aipim, tapioca, puba, ovos etc. Assim funcionava o “Café Pomar” ou “Café dos Marianos” na esquina da Cinqüentenário com a Osvaldo Cruz no centro de Itabuna. Uma grande tradição de nossa cidade, e que fechou suas portas no final do mês passado, dia 30 de Junho. Essa noticia nos deixou muito triste, principalmente, porque esse fato veio acontecer às vésperas do mês do centenário de Itabuna. É mais uma tradição que se acaba!

O Café Pomar, instalado nos anos 40, era uma “capitania hereditária”, passando de Bartholomeu Mariano, aos seus filhos: Jorge e Roberto Mariano.

Era um grande “point” de encontro dos Itabunenses, que agora vão sentir a saudade e as lembranças dos grandes bate-papos, entre um cafezinho e outro.

Soubemos que o estabelecimento com 67 anos de funcionamento fechou devido ao cansaço dos seus proprietários Jorge e Roberto, que só de balcão já prestavam serviços há 51 anos.

Tomaram essa decisão depois que consultaram seus filhos, mas por ocupações outras, eles não puderam dar seguimento, a exemplo do que aconteceu antes.

Em local privilegiado, no centro da cidade (Praça Santo Antonio) em frente ao marco de fundação da cidade e do monumento do fundador de Itabuna, Firmino Alves, o estabelecimento ao longo desse tempo atraiu muita gente famosa, principalmente, jornalistas, radialistas, artistas, poetas, advogados, políticos, enfim um ponto de encontro de grandes amigos, que entre um papo e outro, degustavam um delicioso chocolate caseiro, um cafezinho quente, sempre feito na hora pelas competentes funcionárias que trabalhavam com amor e carinho.

Outras opções, eram os refrescos de: Maracujá, Limão e Caju. O grande destaque era o Chá-Mate com limão, muito requisitado, degustado com bolos caseiros de aipim, puba ou ovos.

Verdadeiras delícias! Delicias essas que vão para sempre ficar nas lembranças daqueles que conheceram as iguarias e o educado atendimento dos Marianos.

Comecei a freqüentar o local nos idos de 1972. Nessa época, o “Café Pomar” estava no auge, era o “point”, vendendo também bilhete de loterias, entre eles, a LOTEBA, que era uma loteria do Governo do Estado.

Lembro-me, muito bem, dos batepapos sadios, num tempo não muito distante, de grandes figuras de nossa cidade como: Plínio de Almeida, Telmo Padilha, Nilson Andrade, Ariston Caldas, Valter Maron, Raimundo Osório Couto Galvão, Zildo Guimarães, Nilson Rocha, Lima Galo, que foram também, muitos deles, importantes para mim, como amigos, conselheiros e incentivadores, quando ingressei no extinto Diário de Itabuna em Abril de 1972. Esses nomes citados estão hoje todos na eternidade, depois de grandes encontros discutindo os problemas de Itabuna. Na maioria das vezes, quando não estavam ocupados, os Marianos aderiam à prosa ou ao papo. O ambiente se tornava ainda mais acolhedor e sadio, através das brincadeiras e “invencionices”, “uma vez que ali ninguém mentia”. Uma dessas “invencionices” foi protagonizada pelo Sr.Roberto Mariano, que inventou a pilhéria de que “alguém herdou a caderneta preta de Zildo Guimarães”, logo após o seu falecimento. Dizia o Sr. Roberto que a caderneta de Zildo continha os nomes das “meninas” que ele paquerava e carregava dentro de sua Brasília Branca. De início disse que “a caderneta” estava em poder de Nilson Andrade e que Orlando Relojoeiro era testemunha, e dividia o conteúdo da “caderneta preta”.

Mais tarde, com a morte de Nilson Andrade, que era jornalista e redator do Diário de Itabuna, dizia o Sr. Roberto, que “a caderneta” estava em puder de Valter Maron ou Ariston Caldas! Mas, com a morte dos dois, “a caderneta” tinha ficado mesmo com Orlando Relojoeiro! A realidade é que, o “Café Pomar” fechou, e o Sr. Roberto, contando com a ajuda de vários amigos, entre eles, João Queiroz (Sul Notícias) que tem uns traços de Zildo, devido a careca brilhante, ainda não encontrou a famosa “Caderneta Preta”.

Por onde anda essa “caderneta”? Com certeza o Sr. Roberto Mariano um dia, irá dizer! Já estou com saudade do “Café Pomar” Dedicamos esse artigo ao centenário de Itabuna!