Artigo

Não é minha culpa!

Faz um bom tempo que ensaio escrever estas mal traçadas linhas para pedir desculpas. Explico: outro dia estava no supermercado, empurrando um carrinho de compras, quando uma moça simpática passou por mim em sentido contrário e disse: “Bom dia, professor Vercil”.

Respondi com o melhor bom dia que já ofereci a uma estranha, e não cai em prantos por uma questão adequada, já que não convém chorar em supermercados, nem mesmo quando você não consegue comprar tudo que deseja e que lhes são ofertados nestes estabelecimentos comerciais. Depois descobri que ela era minha aluna. Maravilha. Já devo tê-la encontrado umas 40 vezes no colégio, na sala de aulas, no pátio do colégio, e não a reconheci. E ainda tenho a pretensão de que julguem uma pessoa simpática.

Meus amigos dizem que tenho que aceitar a realidade: sou considerado blasé por muitas pessoas, pois não as cumprimento na rua. E não adianta alegar que sou o pior fisionomista do mundo, meus “oponentes” não querem saber de esclarecimentos. Só quem me conhece sabe que nasci com esse defeito de fabricação e me perdoa. E quem me conhece superficialmente não percebe nada e por isso não me acusa – até que me encontre pela segunda vez e eu não cumprimente.

Sim, já me sugeriram a mesma solução que você talvez tenha pensado agora: então por que essa criatura não cumprimenta todo mundo? Se eu estivesse interessado em me candidatar a vereador, quem sabe. Escrevo sobre este assunto para tentar um habeas corpus. Qualquer coisa que amplie meu prazo de soltura, antes que a Interpol me captu- E-mails: vercil@jornaldireitos.com.br e vercil5@hotmail.com Por Vercil Rodrigues* re e me extradite para meu planeta de origem. A verdade, nada além da verdade, é que eu tenho deficiência (além da física é claro) para reconhecer pessoas fora do ambiente em que as conheci, então se conheci uma pessoa em seu local de trabalho, provavelmente só irei lembrar-me dessa pessoa neste mesmo local, e quase nunca no Jequitibá Plaza Shopping, e se fui apresentado a algum empresário durante uma reunião da Associação Comercial e Empresarial de Itabuna (ACI), a chance de eu reconhecê-lo num aeroporto é quase zero, e, querida aluna, fora do nosso colégio, eu estava em franca desvantagem, compreenda. Sabedores disso, sigam confiando na minha educação e simpatia, mesmo que eu aparente ser um pernóstico ou algo que o valha. Tenha piedade deste ser cheio de deficiências e que já mal reconhece a si próprio no espelho.