Artigo

O olhar que deu certo

Uma das bisnetas do senhor João, contava uma história que serviu, e serve de exemplo para todas as famílias. Ela dizia sempre que o olhar é a luz da alma; é o que ilumina o coração, que renova a vida.

O Sr. João era um homem integro e humano. Para tanta honraria, basta lembrar que existe uma rua com seu nome e uma sala do fórum local em sua homenagem. Sem, duvida é o orgulho da cidade que se chama “Tudo começou”.

E começou muito bem, com uma ação bem fácil. O colega titular da justiça da cidade pediu uma transferência para não julgar uma causa considerada tenebrosa, e em seu lugar foi posto o Sr. João. Ao analisar o caso, os auxiliares do Sr. João perceberam e relataram que não se tratava de uma fazenda e sim uma mata onde habitava uma aldeia de índios.

O que era para ser apenas interesse profissional virou interesse amoroso. Pois, como num piscar de olhos, os olhares de seu João e uma índia se cruzaram e naquele instante eles ficaram loucos de amor. E tomado pelo sentimento puro, não hesitou em lhe pedi em casamento. Entretanto o não veio de maneira direta como uma flecha e fria como um gelo.

Diante daquela situação, seu João voltou abatido e triste, mas a cidade de “Tudo começou” estava em festa, pois, havia ali, a resolução do caso. Um belo dia, a cidade foi tomada pelos índios em ritmo de guerra; invadiram as ruas e o fórum local em busca do juiz, que de tão assustado não conseguia ao menos abrir a boca. A comunidade, perplexa, esperava ansiosa pelo desfecho do fato, que imaginem só era a índia que estava doente, doente de amor! E o juiz? O juiz era o seu remédio.

O “da lei”, assim chamado pelos índios, foi carregado pelos mesmos até a aldeia, onde se encontrava a sua amada. Quando a viu, exclamou: foi a melhor guerra que viver e pude protagonizar; a guerra do amor! Casaram-se, viveram felizes por 45 anos, livres de preconceitos e valores. Após isso veio o inicio da segunda vida, não agüentando faleceu ele de uma dor no peito, e a índia amada ao vê a cena, percebeu a mesma dor, fechou os seus olhos e faleceu em seguida junto com seu amado. Fruto disso restou a história contada por sua bisneta, que não cansa de falar que amor é sentimento que vive independente de valores, é sentimento soberano.